O jornalista de investigação eslovaco Jan Kuciak, de 27 anos, e a sua namorada, Martina Kusnirova, foram encontrados mortos na casa onde moravam, em Bratislava. Os dois foram mortos a tiro no domingo.

O jornalista, que trabalhava para plataforma noticiosa Aktuality.sk, investigava maioritariamente importantes casos de evasão fiscal na Eslováquia, algo que o chefe da Polícia Nacional eslovaca, Tibor Gaspar, acredita estar “relacionado” com o homicídio.

“O motivo mais claro para este duplo crime é provavelmente o seu trabalho”, disse o comissário da polícia que está à frente da investigação.

O último artigo de Kuciak tinha sido publicado a 9 de fevereiro e referia-se a negócios de várias empresas ligadas ao empresário Marin Kocner, que está envolvido num escândalo político relacionado com apartamentos de luxo na capital eslovaca.

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A reportagem esteve na origem de vários protestos em Bratislava, com os manifestantes a exigir a demissão do ministro do Interior da Eslováquia, envolvido em negócios com uma firma de construção que está a ser investigada por fraude fiscal.

Segundo os media locais citados pelo diário espanhol El Español, o jornalista chegou a denunciar à polícia que tinha recebido ameaças por parte do empresário Marin Kocner.

Jornalista assassinada com um carro bomba em Malta

No ano passado, uma jornalista de investigação foi assassinada em Malta com uma bomba que foi colocada no seu carro. Caruana Galizia, de 53 anos, era conhecida por publicar frequentemente investigações que punham em causa a classe política maltesa, incluindo o primeiro-ministro do país, Joseph Muscat.

Organizações internacionais condenam homicídio

O Presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) condenaram esta segunda-feira o homicídio “cobarde” do jornalista eslovaco de investigação Jan Kuciak e da sua companheira.

“Estou chocado com as terríveis notícias do assassinato de Jan Kuciak e da sua noiva. Condeno este ato cobarde. Matar ou intimidar jornalistas não tem lugar na Europa ou em qualquer democracia”, disse o Presidente da CE aos jornalistas em Belgrado.

Também o representante da OSCE para a Liberdade de Imprensa condenou o homicídio de Jan Kuciak. “Peço às autoridades que utilizem todos os meios para que os autores deste cruel crime duplo sejam trazidos à justiça”, apelou Harlem Désir, através de comunicado.

Désir manifestou-se “consternado” com a notícia, que comparou com o assassinato da jornalista Daphne Caruana Galizia em Malta, no ano passado.

“Não podemos aceitar uma nova realidade na qual os jornalistas se tornam alvos habituais por fazerem o seu trabalho de pesquisa”, avisou o representante.