O Tribunal Federal Administrativo alemão decidiu esta terça-feira que várias cidades podem banir os automóveis a diesel em algumas ruas para melhorar a qualidade do ar nas zonas urbanas. A decisão permite que as cidades alemãs decretem a posição que querem tomar e pode representar um grave revés para a indústria automóvel no país.

Recorde-se que, em 2015, a Volkswagen mentiu sobre as emissões poluentes dos carros que produzia. Depois deste escândalo, as principais produtoras automóveis da Alemanha apostaram forte na tecnologia do diesel, no software que controla as emissões poluentes e na capacidade ecológica dos carros.

A decisão do Tribunal Federal Administrativo dá resposta a um processo colocado pela Deutsche Umwelthilfe, uma organização de direitos ambientais, contra vários governos locais alemães. Insatisfeita com a progressão da qualidade do ar em 70 das cidades mais poluídas da Alemanha, a associação exigia que o país cumprisse as metas estabelecidas pela União Europeia.

Para mim, há paralelos com a indústria do tabaco que durante décadas trivializou os factos sobre os efeitos prejudiciais para a saúde de fumar cigarros, ainda que existissem estudos sobre o contrário”, explicou Jürgen Resch, diretor da Deutsche Umwelthilfe, ao New York Times.

O desaparecimento de carros a diesel – ainda que só em algumas partes das cidades – pode ter um efeito benéfico no que toca ao ambiente mas fatal quanto à economia local. Pelo menos é o que defendem os grupos municipais. A indústria automóvel é responsável por 800 mil postos de trabalho na Alemanha e os veículos utilizados por empresas de entregas e serviços de emergências médicas são todos a diesel.

Existem 15 milhões de carros a diesel na Alemanha. Entre as cidades autorizadas a banir automóveis em algumas ruas estão Munique, Estugarda e Dusseldorf. Caso adotem estas medidas, vão juntar-se a Madrid e Atenas, que já anunciaram o fim da circulação de carros a diesel até 2025. O Reino Unido e França também já se comprometeram a acabar com as vendas de automóveis a diesel até 2040.

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