A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, afirmou este sábado na Trofa, distrito do Porto, que o esforço do seu partido em prol da Lei do Financiamento dos Partidos foi parcialmente reconhecido ao ser reposto o reembolso do IVA.
Em declarações à margem da visita à Feira Anual da Trofa, Assunção Cristas deixou, contudo, críticas aos partidos no que diz respeito ao teto de financiamento.
“Em parte tivemos ganho de causa“, disse a dirigente partidária, congratulando-se por a versão que acabou por ser aprovada sexta-feira no Parlamento “repor o regime de IVA tal e qual estava”, ao mesmo tempo que lamentou o mesmo não ter acontecido “em relação à parte do teto do financiamento dos partidos”.
E continuou: “Não faz sentido aproveitar um processo para resolver questões do Tribunal Constitucional, para alterar de forma que não é irrelevante questões relacionadas com o financiamento dos partidos”.
Sobre as declarações do Presidente da República à aprovação das alterações ao documento, Assunção Cristas enfatizou a posição do CDS-PP: “Tivemos razão em estar contra e estivemos bem quando pedimos ao Presidente da República para vetar“, disse.
Mantendo o tom crítico, a líder centrista falou também sobre a Saúde em Portugal, lembrando os alertas “ao longo dos últimos dois anos” feitos ao Governo, “chamando a atenção para a grande degradação dos serviços públicos, nomeadamente na área da Saúde, mas também da Educação e dos Transportes Públicos”.
“O primeiro-ministro diz que está tudo bem e apresenta número querendo mostrar que está tudo bem. Não é verdade. Nós sabemos que as coisas não estão bem“, enfatizou a dirigente, alertando para “uma degradação dos serviços”, a par de “bem menos profissionais especializados do que é necessário” e “cirurgias que são canceladas, nomeadamente quando não há material, pois há dívidas aos fornecedores que acabam por não fornecer esse material”.
E acrescentou: “As próprias administrações dos hospitais já não estão tão solidárias com o Governo como estavam há um ano. Na semana passada vimos no hospital de Faro os diretores demitirem-se porque estavam a ser pressionados para dar alta aos doentes antes do tempo”.
Passando para os números, Assunção Cristas comparou a despesa com a saúde ao PIB “que é normalmente o critério utilizado”, para afirmar que está “nos 5,4%” e que “nunca esteve tão baixo” colocando Portugal na “cauda da União Europeia”.
Sobre o buraco de 1,1 milhões de euros na saúde desde a saída de “troika”, admitido pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, Assunção Cristas disse não a surpreender.
“Não me surpreende, nem ao CDS porque temos sinalizado precisamente isso. O Governo optou por não investir na Saúde e por financiar-se à conta dos fornecedores, criando dívida a um ritmo muito elevado. Se compararmos o ritmo da dívida dos hospitais em 2016 e 2017, ela praticando dobrou”, disse.
E concluiu: “No final do ano estavam mais 900 milhões de euros de dívida, quando em 2015 estava na casa dos 400 milhões”.