Foi encontrada uma substância letal no restaurante onde o ex-espião russo Sergei Skripal e a filha, Yulia, comeram duas horas antes de serem encontrados inconscientes num centro comercial em Salisbury, no Sul do Reino Unido. Os dois estão internados, em estado grave.

A descoberta foi feita depois de um exame forense ao restaurante Zizzi, que também fica naquela pequena cidade britânica. As autoridades alertaram para a possibilidade de outras pessoas que tenham estado no restaurante também terem tido contacto com aquela substância.

Ex-espião russo e filha foram envenenados por agente nervoso

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“O risco para o público em geral continua a ser baixo e estou confiante que nenhum dos outros clientes ou trabalhadores tenham sido afetados”, disse Dame Sally Davis, do Public Health England.

As pessoas que estiveram naquele restaurante (onde foi encontrada a substância letal) e no pub Mill (onde o ex-espião e a filha foram a seguir ao almoço) foram recomendadas a tomar medidas preventivas. Devem lavar a roupa à máquina e a guardar em sacos de plástico as peças que só possam ser lavadas a seco. Além disso, todos os objetos como malas, telemóveis ou outros artigos eletrónicos devem ser limpos com toalhetes húmidos. Os óculos e joalharia devem ser limpos com água quente e detergente.

Além do restaurante Zizi e do pub Mill, também estão a ser feitas análises a outros locais, como a campa da mulher e filho de Sergei Skripal.

Governo britânico diz que é caso de polícia, mas está pronto agir

Em declarações à BBC, o ministro das Finanças do Reino Unido, Philip Hammond, disse que o governo britânico está pronto para reagir caso se prove que o envenenamento de Sergei Skripal tenha sido orquestrado pela Rússia.

“Isto é uma investigação da polícia que vai assentar em provas e nós temos de ir onde as provas nos levarem”, disse, este domingo. “Mas se a investigação provar que houve um envolvimento de um Estado estrangeiro, então obviamente isso seria uma questão muito séria e o Governo reagiria de forma adequada”, acrescentou.

Já na terça-feira, quando chamado à Câmara dos Comuns, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, deixou um aviso “aos governos de todo o mundo”. “Nenhuma tentativa para matar um inocente em território britânico ficará sem sanção ou sem castigo”, sublinhou. Em caso de resposta, esta seria “adequada e robusta”.

Mais à frente, referiu que, no caso de se provar que o ataque teve origem na Rússia, “seria muito difícil imaginar uma representação do Reino Unido” no Mundial de futebol de 2018, que começa naquele país a 14 de junho. As palavras de Boris Johnson foram interpretadas como uma alusão a um possível boicote da equipa de Inglaterra ao Mundial, mas o mal-entendido foi esclarecido poucas horas depois. Afinal, o boicote seria apenas ao nível de representação política naquele evento desportivo.

O Kremlin nega qualquer envolvimento com o envenenamento de Sergey Skripal. “Não possuímos nenhuma informação sobre o que possa ter sido a causa [da doença do ex-espião russo] e que ligações possa ter”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Moscovo está sempre pronto a cooperar”, acrescentou.