A primeira-ministra do Reino Unido afirmou esta segunda-feira que é “altamente provável” que a Rússia tenha sido responsável pelo envenenamento do antigo espião russo Sergei Skripal e da sua filha, no passado da 4 de março, na cidade de Salisbury.
Num discurso na Câmara dos Comuns, Theresa May afirmou que o envenenamento com o agente nervoso ou foi “um acto directo do Estado Russo” contra o Reino Unido ou “o governo russo perdeu o controlo deste agente nervoso potencialmente catastrófico e permitiu que fosse parar às mãos de outros”.
“É agora claro que o Sr. Skripal e a sua filha foram envenenados com um agente nervoso de um tipo desenvolvido pela Rússia. Este é parte um grupo de agentes nervosos conhecidos como Novichok”, declarou May.
A primeira-ministra procedeu a afirmar que é “altamente provável” que a Rússia seja a responsável pelo ataque contra Sergei e Yulia Skripal, baseando-se “na identificação positiva deste agente” por peritos, no “conhecimento de que a Rússia produziu anteriormente este agente e que ainda é capaz de o fazer”, no registo que o país tem “de levar a cabo assassinatos patrocinados pelo estado” e no entendimento de que o governo russo “vê alguns desertores como alvos legítimos para assassinatos”.
Theresa May disse então que o envenenamento do ex-espião e da sua filha, no passado dia 4 de Março em Salisbury, tem apenas “duas explicações plausíveis”: “Isto ou foi um acto directo do estado russo contra o nosso país, ou o governo russo perdeu o controlo deste agente nervoso potencialmente catastrófico e permitiu que fosse parar às mãos de outros”, declarou a primeira-ministra britânica.
Ex-espião russo e filha foram envenenados por agente nervoso
May revelou que o embaixador russo em Londres tinha sido convocado e questionado sobre qual das possibilidades se tratava, bem como a divulgar “o programa Novichok à Organização para a Proibição de Armas Químicas”. A primeira-ministra do Reino Unido exigiu uma resposta do governo russo até o dia de amanhã, 13 de Março, e afirmou que, “caso não haja uma resposta credível”, o governo britânico irá concluir que “esta acção se trata de uso de força ilegal por parte do estado russo contra o Reino Unido”. Nesse caso, Theresa May diz que vai voltar ao Parlamento e “apresentar todas as medidas” que irão tomar “em resposta”.
“Esta tentativa de homicídio com recurso a um agente nervoso usado como arma numa cidade britânica não foi apenas um crime contra os Skripals. Foi um acto indiscriminado e imprudente contra o Reino Unido, colocando as vidas de civis inocentes em risco. Não vamos tolerar uma tentativa tão descarada de matar civis inocentes no nosso solo”, concluiu May.
A chefe do governo britânico tinha-se reunido esta segunda-feira com o Conselho Nacional de Segurança para avaliar os últimos desenvolvimentos sobre o caso do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e da filha. Na reunião estiveram presentes vários ministros e responsáveis pelos serviços de informações e do Exército britânicos para analisarem se existiam provas suficientes sobre a autoria do ataque do ex-agente russo e da filha com um agente nervoso.
O ex-espião russo, Sergei Skripal, foi um agente duplo da inteligência do Reino Unido durante os anos 90 e início dos 2000, tendo vendido vários segredos do regime de Moscovo ao MI6. Skripal, que esteve preso durante 13 anos mas acabou libertado graças a um acordo de troca de espiões entre a Rússia e os Estados Unidos, exilando-se no Reino Unido, é um dos vários opositores do regime de Vladimir Putin que já foram vítimas de assassinato ou tentativa de assassinato.
Tanto Sergei, de 66 anos, como Yulia, 33, continuavam em estado crítico esta segunda-feira, mais de uma semana depois de terem sido atacados em Salisbury, onde o ex-espião vivia há alguns anos. Também o polícia que primeiro entrou em contacto com os Skripal, que se encontravam inconscientes num banco de um centro comercial, foi internado em estado crítico, encontrando-se consciente e com “capacidade para falar”, disseram as autoridades.
Rússia diz que houve um “espectáculo circense” no parlamento britânico
A Rússia respondeu às acusações feitas pela primeira-ministra britânica através da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. “É um espectáculo circense no parlamento britânico”, considerou Maria Zakharova. “As conclusões são claras: uma nova campanha de propaganda informativa assente em provocações.”
Na semana passada, escreve o The New York Times, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei V. Lavrov, ofereceu apoio à investigação ao envenenamento e negou qualquer tipo de envolvimento do governo russo no mesmo.
Substância letal encontrada em restaurante onde ex-espião russo comeu