O grupo chinês Anbang, que foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, anunciou na quarta-feira que vai receber 9,6 mil milhões de dólares (7,8 mil milhões de euros) em ajuda pública.

Em fevereiro passado, os reguladores chineses assumiram as operações do Anbang Insurance Group, depois de uma vaga de aquisições por todo o mundo ter suscitado dúvidas sobre a origem do dinheiro e a sustentabilidade do grupo. O fundador da Anbang, Wu Xiaohui, foi a julgamento, na semana passada, por acusações de fraude e uso da sua posição em benefício próprio.

A indústria dos seguros na China foi nos últimos dois anos abalada por vários casos de fraude. Em setembro passado, o anterior diretor da Comissão Reguladora de Seguros da China foi julgado por receber subornos, enquanto executivos do setor foram punidos por corrupção e má gestão.

A injeção de dinheiro público vai ajudar a Anbang a “manter estáveis as suas operações”, segundo um comunicado difundido no seu site oficial. A operação significa que o Estado chinês passa a deter uma posição de 98% na empresa, através de um fundo público, retirando a maioria das ações detidas por Wu e outros acionistas.

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O Partido Comunista Chinês (PCC) apontou a redução dos riscos financeiros como uma prioridade para este ano, depois de um boom do crédito no país ter levado agências de rating a reduzir a nota da dívida chinesa. Em agosto de 2015, o grupo Anbang não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo.

Wu, cuja empresa se tornou mundialmente famosa, em 2014, ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1.950 milhões de dólares, é um dos multimilionários mais conhecidos da China. A sua mulher é neta de Deng Xiaoping, o “arquiteto-chefe das reformas económicas” que abriram o país asiático à economia de mercado.

Está acusado de infringir os limites de capital estipulados pelos reguladores, ao captar 724 mil milhões de yuan (quase 93 mil milhões de euros) a partir de 10,6 milhões de investidores. A televisão estatal chinesa difundiu na semana passada imagens de Wu, em tribunal, a admitir ter cometido fraude, mas o veredicto não foi ainda anunciado.

Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e ativos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o seu ‘site’ oficial.