Mais de mil crianças foram sequestradas no noroeste da Nigéria pelo grupo radical islâmico Boko Haram desde 2013, incluindo as 276 raparigas raptadas na escola de Chibok em 2014, disse esta sexta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Através de um comunicado, a agência da ONU indica que em “2019 assinalam-se os quatro anos” do sequestro das raparigas de Chibok, no noroeste do país, e que “mais de uma centena ainda têm de regressar a casa”.
“O quarto ano sobre a data do sequestro de Chibok recorda-nos que as crianças do noroeste da Nigéria continuam a ser atacadas em grande escala”, disse o representante da Unicef na Nigéria, Mohamed Maick Fall. O ataque contra uma escola na localidade de Dapchi, no passado mês de fevereiro, resultou no rapto de 110 raparigas, sendo que cinco foram assassinadas, apesar de a maioria ter sido libertada um mês depois.
“Estes ataques constantes contra crianças que se encontram nas escolas são inadmissíveis. As crianças têm direito à educação e a serem protegidas. Os locais de estudo devem ser seguros”, sublinhou Fall. Segundo a Unicef, desde o início do conflito iniciado pelo grupo Boko Haram, há quase nove anos no noroeste do país, pelo menos 2.295 professores foram assassinados e mais de 1.400 escolas foram destruídas, sendo que a maioria das instalações não voltaram a ser reabertas.
Boko Haram, que na língua local significa “a educação não islâmica é pecado”, luta para impor um Estado islâmico na Nigéria, país de maioria muçulmana na zona norte e predominantemente cristão nas regiões do sul. Desde 2009 que o grupo radical islâmico causou dezenas de milhares de mortos e mais de dois milhões de deslocados internos.