Cristiano Ronaldo terá usado dois paraísos fiscais para gerir os seus hotéis. Ao que já se conhecia – o uso de empresas fantasma nas Ilhas Virgens Britânicas para resguardar as receitas publicitárias – junta-se agora outra novidade. A utilização de uma estrutura offshore pelo jogador português usou para a gestão dos seus hotéis. Segundo o “Football Leaks”, desde junho de 2015 que o avançado do Real Madrid fez negócios através de uma holding no Luxemburgo e um fundo em Jersey, ilha no Canal da Mancha: a empresa luxemburguesa CRS Holding encarregava-se de administrar as participações de Cristiano Ronaldo em vários negócios turísticos que são propriedade do fundo em Jersey.

Tanto a holding como o fundo estão em nome de uma empresa intermediária, a Private Trustees, e o nome de Cristiano Ronaldo não surge em nenhum dos documentos públicos das sociedades. Contudo, o El Mundo analisou a documentação presente no processo “Football Leaks” e descobriu uma declaração de acionistas da Private Trustees em que jogador português surge como o “único beneficiário” do esquema.

Tal como acontece com a gestão das receitas publicitárias, não é ilegal gerir negócios hoteleiros através de offshores. Contudo, as Finanças espanholas consideram que Cristiano Ronaldo não declarou o valor suficiente no que toca aos direitos de imagem: o futebolista desviou 150 milhões de euros para as Ilhas Virgens Britânicas e só declarou 22,7 milhões de euros. Cabe agora à Agência Tributária perceber se Ronaldo pagou os impostos adequados desde junho de 2015.

A notícia do El Mundo surge numa altura em que a fase de instrução do caso em que Cristiano Ronaldo é acusado de fraude fiscal no valor de 14,7 milhões de euros está a dias de terminar.

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Críticas à juíza e pedido para aceder ao arquivo fiscal de Messi

Ronaldo criticou esta semana pela primeira vez a juíza espanhola responsável pelo caso em que é acusado dessa fraude de 14,7 milhões de euros. A defesa do jogador português acusou a magistrada Mónica Gómez Ferrer de ter critérios “irracionais, subjetivos e incompreensíveis” por ter negado o acesso ao arquivo fiscal de Lionel Messihá uns dias, Ronaldo solicitou a consulta da documentação que a Agência Tributária elaborou sobre a fraude fiscal do jogador do Barcelona.

O internacional português defende que as Finanças espanholas utilizaram “critérios díspares” para analisar contratos de patrocínio “idênticos” e pediu à própria juíza que compare o tratamento aplicado a um e a outro caso — Cristiano Ronaldo quer que Mónica Gómez Ferrer apure as exigências fiscais que foram feitas ao contrato de Messi com a Adidas e as que lhe foram impostas em relação ao contrato que tem com a Nike. O El Mundo conta que, no caso do jogador argentino, o Fisco tributou o acordo como receitas com origem na cessão de direitos de imagem e, no caso do Ronaldo, como receitas com origem em atuações desportivas.

Cristiano Ronaldo critica juíza do processo de fraude que o envolve e pede acesso ao arquivo fiscal de Messi