Um canadiano de 41 anos que viajava pelo Peru foi morto por uma multidão de pessoas, num extremo remoto da floresta da Amazónia. Segundo notícia da CBS, Sebastian Woodroffe estava a estudar remédios alucinogénicos feitos pelas tribos indígenas desta floresta tropical, quando uma curandeira octogenária da tribo Shipibo-Konibo foi assassinada. A multidão ficou convencida que tinha sido Sebastian a matar a tal xamã, Olivia Arevalo, e fez justiça pelas suas próprias mãos.

Arevalo e Woodroffe foram mortos na passada quinta-feira na comunidade indígena de Victoria Gracia, afirmam as autoridades locais que, entretanto, já confirmaram que o canadiano não era o principal suspeito de ter assassinado a idosa. A investigação oficial terá sido lançada depois de um vídeo amador ter chegado às mãos de um jornal local. Nele vê-se um homem — Woodroffe — a suplicar por misericórdia enquanto é arrastado por uma corda amarrada ao pescoço. O vídeo acaba quando o homem fica inanimado no chão lamacento.

No passado sábado as autoridades desenterraram o corpo de Woodroffe, que tinha sido enterrado numa sepultura sem qualquer identificação, improvisada à pressa.

Todos os anos, milhares de turistas visitam a Amazónia peruana para experiementar ayahuasca, uma bebida amarga, escura, feita a partir de várias plantas autóctones. Este cocktail alucinogénico– também conhecido como yage — é venerado há séculos pelas tribos indígenas do Brasil, Peru, Ecuador e Colombia, que o consideram como sendo uma cura para variadíssimas doenças. Esta ayahuasca é cada vez mais procurada pelos turistas ocidentais que procuram a experiência psicotrópica– que muitas vezes acaba por ser mortal. Arevalo era uma assertiva defensora dos direitos das povoações indígenas na região. Ela praticava uma cura tradicional feita através do canto, cerimónia que, segundo a crença dos Shipibo, afasta energias negativas.

Em 2015, um outro canadiano terá morto à facada um turista inglês, depois de ambos terem provado esta bebida numa cerimónia espiritual realizada numa localidade que fica a poucas horas de carro do sítio onde Woodroffe foi morto. Woodroffe, que morava na cidade de Courtenay, na ilha Victoria da British Columbia, terá afirmando, antes desta visita ao Peru, que esperava tornar-se aprendiz de uma curandeira da tribo Shipibo. Teoricamente queria utilizar esses ensinamentos para mudar de carreira: queria utilizar medicação alucinogénica para curar toxicodependentes em recuperação.

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