O cardeal cabo-verdiano, Arlindo Furtado, defendeu esta sexta-feira a liberalização de vistos entre países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na abertura do 13.º Encontro de Bispos Lusófonos, que decorre até segunda-feira na cidade da Praia.

Na sessão de abertura do encontro, que junta 12 bispos, incluindo três cardeais, Arlindo Furtado assinalou que a reunião antecede a próxima cimeira de chefes de Estado da CPLP, fazendo votos para que do encontro possam sair contributos para a reflexão dos políticos e decisores.

“Esperemos que a cimeira da CPLP seja uma oportunidade para que, no nosso próximo encontro, onde quer que se realize, seja possível passar a fronteira sem necessidade de ter visto. Para que, como dizem os nossos políticos, a CPLP seja de facto uma comunidade de povos e pessoas”, disse Arlindo Furtado.

O cardeal cabo-verdiano apontou que a isenção de vistos já existe, bilateralmente, entre alguns países africanos da comunidade, nomeadamente Moçambique e Cabo Verde, e manifestou esperança de que possa ser alargada também a Portugal e ao Brasil.

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O encontro de bispos lusófonos, que se realiza pela segunda vez em Cabo Verde, tem como tema geral “Os Jovens na Igreja: presença efetiva e transformadora”, mas o cardeal cabo-verdiano e bispo da Diocese de Santiago, Arlindo Furtado, adiantou que, durante o encontro, serão abordados também os grandes desafios que se colocam às igrejas católicas lusófonas.

“Os desafios são muitos. O desenvolvimento, desemprego, desestruturação da família, a desmotivação dos jovens para os valores e a cultura do imediatismo. São diversos desafios que a juventude e a Igreja enfrentam”, disse. Arlindo Furtando adiantou que o encontro se insere no tema da Assembleia do Sínodo dos Bispos, que se realizará em outubro, no Vaticano, com a abordagem centrada na juventude.

Segundo o cardeal cabo-verdiano, haverá igualmente espaço para uma abordagem das questões sociais de cada um dos países da comunidade lusófona. Em declarações aos jornalistas, o arcebispo de Brasília, Sérgio Rocha, considerou que o primeiro passo na ligação da Igreja Católica à juventude passa por ouvir os jovens.

“O primeiro passo é levar em consideração não apenas as dificuldades e os desafios, mas sobretudo as sugestões, os valores e a sensibilidade da juventude”, disse, destacando os valores sociais, ambientais e a criatividade dos jovens que, considerou, “pode ajudar muito a Igreja a ajudar melhor os jovens, mas também os adultos.”

O arcebispo brasileiro irá proferir no sábado, no âmbito do encontro, uma conferência sobre “Os desafios da Igreja à Sociedade”. No encontro, que se realiza de dois em dois anos e aconteceu pela última vez no Brasil, participam além do cardeal e bispo de Santiago e do cardeal e arcebispo de Brasília, o cardeal patriarca de Lisboa, os arcebispos de São Salvador da Baia, Luanda e Maputo e os bispos de Mindelo, Benguela, Bafatá, São Tomé e Príncipe e Bissau.