Manuel Pinho terá recebido através da sua sociedade offshore Tartaruga Foundation mais 460.800 euros em julho de 2003 e mais 500 mil euros a 11 de maio de 2005 da também empresa offshore Espírito Santo (ES) Enterprises, o ‘saco azul’ do Grupo Espírito Santo (GES). Quando a primeira transferência foi feita, Pinho ainda era administrador executivo do BES, enquanto que aquando da segunda transferência já era ministro da Economia do Governo de José Sócrates há cerca de dois meses.

No total estamos a falar de mais 960, 8 mil euros que foram descobertos pela Ministério Público (MP) nos autos da EDP que se juntam aos cerca de 2,1 milhões de euros já revelados pelo Observador, noticia o Expresso na sua edição deste sábado. Deste último valor, e tal como o Observador já tinha noticiado, Manuel Pinho recebeu um total de cerca 1,8 milhões de euros através de transferências mensais de 14.964 euros entre julho de 2002 e junho de 2012 através das sociedades offshore Masete II e a da Tartaruga Foundation. Isto é, enquanto foi ministro da Economia do Governo Sócrates, Pinho recebeu transferências mensais do ‘saco azul’ do GES que totalizaram cerca de 800 mil euros.

A OP 100276 que tramou Manuel Pinho nos pagamentos que recebeu do ‘saco azul’ do GES

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O semanário afirma que os procuradores do caso EDP descobriram, através do envio de informações com origem nos autos dos processo Universo Espírito Santo, um montante total de 3,5 milhões de euros que foram transferidos da ES Enterprises para as contas bancárias abertas no Banque Privée Espírito Santo de duas sociedades offshore de Manuel Pinho (a Tartaruga Foundation e a Masete II) mas apenas divulga pormenores de transferências que ascendem a cerca de 3 milhões de euros.

Tal como o Observador já tinha noticiado, estes valores fazem parte de documentos internos da ES Enterprises que foram apreendidos na Suíça, na sede da Espírito Santo Services, por parte do Ministério Público da Confederação Helvética. Tais documentos, nomeadamente as folhas de cálculo elaboradas por Jean-Luc Schneider (um alto quadro do GES) representam uma espécie de contabilidade secreta da ES Enterprises que contém todas as transferências bancárias que terão sido realizadas por ordens de Ricardo Salgado.

Tais documentos terão de ser cruzados com as informações bancárias que comprovem a realização de tais transferências bancárias, assim como a informação documental da titularidades das duas sociedades offshore por parte de Manuel Pinho e da sua mulher. Toda esta informação deverá ser requerida MP suíço através da quebra do segredo bancário das contas das sociedades offshore que são atribuídas a Manuel Pinho pela documentação interna da ES Enterprises.

No que diz respeito às contas bancárias abertas no Banque Privée Espírito Santo, o arquivo, devido à falência da instituição financeira do GES na Suíça, já estão na posse do MP da Confederação Helvética. Já no que diz respeito a outras contas bancárias que Manuel Pinho detém noutros bancos suíços e internacionais, terão de ser acionados os mecanismos de cooperação judicial para quebrar o sigilo bancário.

Caso EDP. Pinho recebeu meio milhão do GES quando era ministro. Ricardo Salgado vai ser arguido

O Expresso noticia ainda que, além das aulas que deu na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e das que dá actualmente na Universidade de Estudos Internacionais de Pequim, na China, tem dado conferências um pouco por todo o mundo, cobrando um valor que oscila entre os 12.500 euros e os 17.500 euros por conferência. O valor foi revelado ao semanário por Rohan Kumar, vice-presidente da Noble Speakers Bureau — uma espécie de agência especializada em representar conferencistas famosos de vários ramos de actividade, como o empresário Richard Branson, o xadrezista Garry Kasparov ou o médico e escritor Deepak Chopra.

Corrigida data do período em que Manuel Pinho recebeu 14.964 euros mensais da ES Enterprises. Por lapso, foi escrito “entre julho de 2012 e junho de 2012” quando as transferências se referem ao período entre julho de 2002 e junho de 2012, como o Observador já tinha escrito noutras peças.