Não há muitos veículos capazes de ultrapassar 400 km/h, sendo o mais conhecido o Bugatti Chiron. Contudo, hiperdesportivos fabricados em séries ainda mais reduzidas do que esta marca francesa do Grupo Volkswagen, como os propostos pela Koenigsegg e Hennessey, também conseguem ultrapassar esta fasquia, mas estão (ou deveriam estar) igualmente limitados pelos pneus.
De momento, a única coisa preta, redonda e com um buraco ao meio que está homologada para velocidades acima de 420 km/h é produzida pela Michelin, que equipa de série a Bugatti e, por tabela, os outros fabricantes, que assim se vêem obrigados a utilizar o mesmo tipo de equipamento pneumático.
Com o Veyron, a questão da velocidade nunca foi muito falada. Aliás, foi para ele que a Michelin desenvolveu o tal pneu. Mas com o nascimento do Chiron, com 1.500 cv em vez de “apenas” 1.001 cv, os pneus saltaram para a ordem do dia. Tudo porque a velocidade máxima teórica do Bugatti passou a ser de 460 km/h, e tanto o fabricante do carro como o dos pneus concluíram que, se o objectivo era impor uma margem de segurança satisfatória, que permitisse atingir a velocidade máxima com tempo frio ou quente com a mesma segurança, então o melhor era limitar a velocidade a 420 km/h. A partir deste valor, o esforço devido ao aquecimento é brutal e dificilmente suportado pelo pneu. Pelo menos, com a actual borracha e tipo de construção.
Curiosamente, ou talvez não, a questão só foi um problema para a Bugatti, uma vez que os restantes construtores, a começar pela Koenigsegg, sempre fizeram vista grossa às limitações dos pneus, apostando que ninguém vai andar mais de 5 minutos consecutivamente a mais de 420 km/h, isto se alguma vez ousar atingir essa fasquia. Mas o Bugatti não só é mais pesado, como o grupo em que a marca está inserida tem bolsos mais recheados, a que possíveis processos judiciais se pudessem agarrar, caso acontecesse um acidente por estes motivos.
Para acabar com esta situação e permitir que veículos como o Chiron possam finalmente acelerar a fundo e durante o tempo que quiserem, a Michelin anunciou estar a produzir um novo pneu cujo limite está agora fixado nos 480 km/h (300 mph). “É um desafio muito mais complicado do que parece”, afirmou Eric Schmedding, da marca francesa de pneus, à Bloomberg.
Mas este novo equipamento pneumático, que certamente fará maravilhas à boa imagem de que a Michelin já usufrui, está a ser recebido com reacções diversas por parte dos três fabricantes mais directamente interessados. A Bugatti, pelo seu lado, continua a afirmar que o Chiron – que em breve deverá ser reforçado com versão Super Sport ainda mais potente e rápida – representa muito mais do que velocidade pura, com Stephan Winkelmann a ter declarado recentemente que “os testes de velocidade são interessantes, mas não a nossa maior prioridade”.
Por outro lado a Koenigsegg, que já atingiu 444 km/h com o Agera RS (numa versão especial ), prepara um novo modelo para 2019, que deverá apontar à fasquia dos 480 km/h, tendo como objectivo prioritário bater os concorrentes para o recorde de velocidade máxima. O mesmo acontecendo com a Hennessey, que está a preparar o Venom F5 de 1.600 cv, também ele capaz de aflorar os 480 km/h e a fazer questão de, se possível, ultrapassar o limite dos pneus.
Ao que parece, o ideal era a Michelin começar de imediato a trabalhar num pneu para rodar a 520 km/h, pois em matéria de velocidade máxima, entre os fabricantes mais exclusivos de hiperdesportivos e as empresas especializadas em tuning, o céu parece ser o limite.