O presidente do Banco Central Europeu (BCE) considerou esta quinta-feira que o encontro entre Donald Trump e Jean-Claude Juncker é “um bom sinal” para resolver o conflito comercial, mas disse que é “muito cedo” para avaliar resultados. Em conferência de imprensa, Mario Draghi advertiu que “a ameaça de protecionismo” continua “importante” depois de terem sido anunciadas tréguas no conflito comercial entre Estados Unidos e União Europeia (UE), na sequência da reunião de quarta-feira do presidente norte-americano com o presidente da Comissão Europeia.

“O encontro mostra que há uma nova vontade de discutir questões comerciais num contexto multilateral”, considerou Draghi, após a reunião mensal de política monetária do BCE.  No entanto, “ainda é muito cedo para avaliar o conteúdo” do acordo, acrescentou.

Trump e Juncker anunciaram um desanuviamento na questão das tarifas, anunciando uma série de medidas no domínio da agricultura, da energia e da indústria cujo alcance ainda está por confirmar. O presidente do BCE sublinhou que o crescimento económico da zona euro é “sólido e amplo” apesar da incerteza comercial e que a atual política monetária expansiva vai assegurar uma subida da inflação até ficar perto mas abaixo de 2%.

Draghi também considerou que o euro se valorizou muito no período de um ano e meio e que os efeitos diretos das taxas alfandegárias que já entraram em vigor são limitados. O presidente do BCE reiterou que “está preparado para ajustar todos os instrumentos (de política monetária) de forma adequada a assegurar que a inflação se aproxima do objetivo” e explicou que na reunião desta quinta-feira não foi discutido o reinvestimento dos títulos de dívida adquiridos e que entretanto vençam.

O BCE vai continuar a comprar dívida ao “ritmo mensal de 30 mil milhões de euros até ao final de setembro de 2018” e prevê reduzir as aquisições para metade (15 mil milhões de euros) a partir dessa altura e até ao fim de dezembro, quando está previsto que cessem as aquisições.

Na reunião, a entidade monetária decidiu também deixar as taxas de juro inalteradas e reafirmou que tenciona mantê-las no nível atual até pelo menos ao verão de 2019. Draghi não referiu mais detalhes sobre essas datas, mas sugeriu que o BCE prefere manter a flexibilidade para poder reagir caso haja uma deterioração da situação.

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