A Administração norte-americana considerou esta terça-feira que o acordo sobre questões militares celebrado entre o Presidente de Moçambique e a Renamo “é um passo decisivo em direção a uma paz duradoura para um futuro mais seguro e próspero”.

Em comunicado veiculado pela embaixada dos Estados Unidos em Maputo, capital de Moçambique, a Administração de Donald Trump salientou que o acordo sobre a desmilitarização e a integração das forças da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) “é o resultado da determinação e do trabalho árduo de todos os líderes e negociadores que nele participaram”. “Como membro do Grupo de Contacto Internacional, os Estados Unidos reafirmam o seu compromisso de apoiar a plena implementação do acordo abrangente de paz e juntam-se a outros membros da comunidade internacional no compromisso de desempenhar um papel construtivo no cumprimento de todos os aspetos do acordo”, acrescenta.

O acordo foi assinado esta segunda-feira pelo Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, e o Coordenador da Comissão Política da Renamo, Ossufo Momade.

“O memorando indica de forma clara o roteiro sobre os assuntos militares, os passos subsequentes e determinantes para o alcance de uma paz efetiva e duradoura no que tange ao desarmamento, desmobilização e integração do braço armado da Renamo”, anunciou Filipe Nyusi, numa declaração à nação na Presidência da República. O chefe de Estado moçambicano não avançou detalhes sobre o conteúdo do documento, mas garantiu que se trata de um instrumento “determinante” nas negociações de paz iniciadas há um ano com o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que morreu a 3 de maio, devido a complicações de saúde.

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“Com este acontecimento, saudamos a liderança da Renamo, coordenada pelo senhor Ossufo Momade [coordenador interino da Renamo], que mesmo com o desaparecimento físico do seu líder não parou com as negociações”, observou Filipe Nyusi. O Presidente moçambicano disse ainda que dentro de dias serão anunciados os passos subsequentes no processo, mas também sem avançar detalhes.

“Gostaríamos de exortar a todos os moçambicanos a juntarem-se aos nossos esforços, mobilizando a sua inteligência e capacidade para acarinhar este processo, que nos permitirá construir um Moçambique brilhante”, afirmou Filipe Nyusi.

O atual processo negocial entre o Governo moçambicano e a Renamo arrancou há um ano, quando Filipe Nyusi se deslocou à Gorongosa, no centro de Moçambique, para uma reunião com falecido líder da Renamo no dia 06 de agosto do ano passado, num encontro que ficou marcado por um aperto de mãos.

Além do desarmamento e integração dos homens do braço armado do maior partido de oposição nas forças armadas, a agenda negocial entre as duas partes envolvia também a descentralização do poder, ponto que já foi ultrapassado com a uma revisão da Constituição em julho. Entre as alterações de fundo introduzidas pela revisão constitucional aprovada pelo parlamento moçambicano destaca-se a eleição de governadores provinciais e administradores distritais, até agora nomeados pelo poder central.

Moçambique assistiu, entre 2015 e 2016, uma escalada nos conflitos militares entre as forças governamentais e o braço armado da Renamo, que não aceita os resultados eleitorais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de fraude.