O Papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal Donald Wuerl, o arcebispo de Washington e um dos líderes mais poderosos da Igreja Católica, depois de semanas de polémica e contestação face ao papel do cardeal norte-americano em dois escândalos de abuso sexual de menores.

O arcebispo de Washington, atualmente com 77 anos, já tinha tecnicamente apresentado a sua renúncia quando completou 75 anos, assim como fazem todos os bispos e cardeais católicos. Contudo, em raras exceções, alguns elementos da Igreja Católica são autorizados a permanecer em funções até aos 80 anos. Ainda que desde há uns anos tenha mantido um papel relativamente discreto em Washington, a renúncia de Donald Wuerl surge como uma decisão simbólica e importante e representa a queda de um dos mais poderosos líderes católicos.

O cardeal Donald Wuerl, com um percurso de mais de 50 anos nos mais altos corredores da Igreja Católica, é um dos grandes aliados do Papa Francisco e está incluído no reduzido grupo do Vaticano que escolhe os novos bispos, para além de ser um dos apenas dez cardeais norte-americanos. As pressões para a renúncia do arcebispo de Washington começaram a surgir em agosto, quando um relatório de 900 páginas que detalhava crimes de abuso sexual de menores por parte de mais de 300 padres no Estado norte-americano da Pensilvânia abalou a Igreja. Consequentemente, um ex-alto funcionário do Vaticano escreveu uma carta onde acusava Wuerl de ter conhecimento dos casos, para além de omitir e esconder todos os crimes do seu antecessor, o cardeal Theodore McCarrick.

300 padres associados a mais de 1000 casos de abuso sexual de menores nos EUA

Na carta enviada em agosto, o arcebispo Carlo Maria Vigano, antigo embaixador do Vaticano nas Nações Unidas, acusava Donald Wuerl de estar “a par dos abusos contínuos cometidos pelo cardeal McCarrick e as sanções que lhe foram impostas pelo Papa Bento XVI”. A arquidiocese de Washington defendeu o cardeal ao enviar explicações detalhadas às paróquias daquele Estado e ao negar as acusações de que Donald Wuerl ignorou os casos de pedofilia dentro da Igreja Católica quando era bispo de Pittsburgh.

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