O PS indicou Filipe Neto Brandão para presidir à comissão de inquérito ao caso Tancos (a distribuição da presidência ao PS neste inquérito resulta da rotatividade definida pelos grupos parlamentares). Aos jornalistas, o líder parlamentar do partido, Caros César, disse ainda que o deputado Ascenso Simões vai representar a bancada no inquérito e afirmou também que chamar primeiro-ministro ao inquérito “seria situação excecional”, atacando o CDS por o propor.
“Uma iniciativa desta natureza seria excecional no quadro parlamentar português e os partidos com determinada responsabilidade histórica no funcionamento do Parlamento não fazem propostas dessa natureza“, disse César, quando questionado sobre a posição do CDS. O parlamentar não disse, no entanto, que o primeiro-ministro tem a prerrogativa de responder por escrito, ou seja, não tem de ir à comissão de inquérito e que isso já aconteceu no passado e com um primeiro-ministro socialista. José Sócrates, por exemplo, respondeu por escrito às perguntas da comissão de inquérito ao negócio da compra da TVI pela PT, em 2010.
O socialista recusou também falar do depoimento do ex-chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa que implicou o governante no conhecimento do encobrimento do assalto a Tancos. As “únicas declarações” que César diz “conhecer” sobre este assunto são as de Azeredo Lopes que, quando ainda era ministro, disse ser “completamente falso” ter sido avisado do encobrimento do assalto.
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Filipe Neto Brandão é o deputado do PS escolhido para presidir à comissão de inquérito sobre Tancos
“Todo o país tem interesses no alojamento local, favoráveis ou desfavoráveis”, diz César em defesa do substituto de Roseta
O socialista foi também questionado sobre as mudanças no grupo de trabalho do partido sobre o tema da habitação, que provocou alguma polémica, esta semana, com a saída da deputada Helena Roseta. O assunto foi tratado na reunião, segundo soube o Observador, com o vice da bancada, João Paulo Correia, a justificar a decisão e Helena Roseta a dizer aos deputados que não tem o mesmo entendimento sobre disciplina parlamentar. O afastamento de Roseta do grupo de trabalho surgiu depois de a mesma ter pedido para sair da presidência, por discordar do pedido de adiamento do PS sobre a votação dos projetos que preparou nesta matéria.
PS afasta Helena Roseta do grupo de trabalho para a habitação
Quando César falava aos jornalistas, Roseta ainda se juntou para ouvir as declarações sobre o seu caso, acabando por sair sem dizer nada. Carlos César justificou a decisão com a situação “de algum impasse” no grupo de trabalho “quanto às proposta de lei que o Governo entregou”. E quanto a Roseta, disse que a sua “participação” é “preciosa” para o PS, “a sua contribuição é sempre bem vinda, sendo certo que o presidente do grupo de trabalho é quem o PS indigita”.
Carlos César desvalorizou também o caso de possível incompatibilidade no nome que indicou para substituir Helena Roseta na coordenação do grupo de trabalho. O deputado Hugo Pires, segundo noticiou o Diário de Notícias, tem negócios na área do imobiliário, nomeadamente no alojamento turístico, mas César diz que “todo o país tem interesses no alojamento local, favoráveis ou desfavoráveis. Não serei certamente impedido de discutir o ISP por ter um carro a diesel”, acrescentou ainda.
O deputado Hugo Pires pediu, no entanto, um parecer à subcomissão parlamentar de ética sobre o seu caso. “Se houver incompatibilidade, será substituído”, diz César.