“A nossa informação, da mais quotidiana à estritamente pessoal, está a ser usada com eficiência militar como uma arma contra nós.” A frase é de Tim Cook, presidente executivo da Apple, que esteve esta terça-feira em Bruxelas na 40ª Conferência Internacional sobre a Proteção de Dados. Cook já foi criticado pelo antigo responsável de segurança do Facebook por não aplicar o princípio noutros países como na China, mas isso não impediu meios como o Business Insider de considerar as declarações como uma defesa pela proteção de dados e um ataque às redes sociais e à Google.

Estes bocadinhos de dados, cada um inofensivo por si próprio, são cuidadosamente ordenados, analisados, trocados e vendidos. Levando este processo ao extremo é possível criar um perfil digital que permita às empresas conhecer-vos melhor do que vocês se conhecem”, afirmou Tim Cook.

O presidente executivo da Apple afirmou que não se deve fingir que as consequências da má utilização de dados pessoais pelas empresas não são nefastas. “Isto é vigilância e estes dados servem só para enriquecer as empresas que os recolhem”, continuou Cook. Mesmo sem apelidar o Facebook ou a Google, os comentário do responsável da Apple levaram uma das principais responsáveis desta que é a maior rede social do mundo, Sheryl Sandberg, a “discordar fortemente” da caracterização que o gestor fez do produto da empresa que ajuda a gerir. Já o responsável de tecnologia do Facebook,  Mike Schroepfer, referiu que é uma atitude “popular” criticar a rede social em vez de falar “da substância dos assuntos”.

[A conferência completa de Tim Cook em Bruxelas, onde fez as declarações]

Estando na União Europeia, Cook aproveitou a conferência para elogiar o esforço feito pelos legisladores europeus com o Regulamento Geral Sobre a Proteção de Dados (RGPD), que passou a ser plenamente aplicável a 25 de maio deste ano. Segundo o responsável da Apple, está na altura de os Estados Unidos da América introduzirem legislação semelhante no ordenamento jurídico da federação. “Na Apple, apoiamos totalmente uma lei federal abrangente” sobre a proteção de dados, disse ainda Cook.

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Desde que o RGPD, que impôs medidas mais exigentes às empresas que gerem dados pessoais digitais, entrou em vigor, as empresas tecnológicas têm aplicado muitas alterações, não só nos países da União Europeia, para dar mais conhecimento aos utilizadores da informação que têm sobre cada pessoa. Nos Estados Unidos, depois de o caso Cambridge Analytica, no qual mais de 80 milhões de perfis de Facebook foram copiados indevidamente para influenciar eleições, ter levado Mark Zuckerberg ao Congresso, começou-se a debater a maior necessidade de legislar nesse sentido no país.

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Tim Cook, no passado, já tinha criticado diretamente o Facebook e empresas como a Google, que detém uma grande quantidade de dados pessoais dos utilizadores, por “já terem passado o ponto de autorregulação”.