Demorou mas foi: O tempo frio chegou, aquela altura do ano em que todos procuram o aconchego de uma espaço recatado e de uma refeição reconfortante. Os almoços ao ar livre e os pic-nics passam para segundo plano e é preciso encontrar sugestões alternativas para preencher (bem) o estômago. Reunimos 7 novos espaços, entre Lisboa e Porto que podem ser boa opção para fugir do mau tempo e saciar a fome. Tome nota das sugestões que se seguem — variedade não falta:
Coyo Taco
Rua Dom Pedro V, 65, Lisboa (Príncipe Real); Das 12h às 00h, de domingo a quarta-feira (de quinta a sábado das 12h às 2h); 210 529 201; 25€ (preço médio)
A primeira paragem desta listagem começa no México, com um pouco de EUA pelo meio. A mais recente investida do grupo Multifoods (os proprietários da cadeia Vitaminas, do Alma, da Sala de Corte, do Pesca, entre muitos outros) nasceu quase por acaso — Rui Sanchez, o timoneiro deste conglomerado, estava de férias por Miami quando se cruzou com esta animada e jovem casa de comida típica mexicana. Entrou, provou, gostou e percebeu logo que queria trazer isto para Portugal. Começou as conversas com Sven Vogtland, Alan Drummond e Scott Linquist, os criadores deste conceito, e em pouco tempo abriam as portas do primeiro Coyo Taco na Europa (existem lojas nos EUA, na República Dominicana e no Panamá), bem no centro de Lisboa.
Aqui vai poder provar o melhor da comida informal desta gastronomia da América central. Estão incluídos pratos como o guacamole — que é sempre feito no momento — com tortilla chips (3€), tacos como o conchinita pibil (porco assado à moda de Yucatán, achiote, pickle de cebola e pimento habanero caseiro, queijo e coentros, a 7,5€/2 uni.), saladas mexicanas com camarão e guacamole (16€) e, claro, cocktails clássicos como as margaritas (existem quatro e custam entre seis e 12 euros). É o sítio perfeito para juntar os amigos e forrar o estômago antes de uma noite de copos.
Bica do Sapato
Avenida Infante Dom Henrique, Armazém B, Cais da Pedra, Santa Apolónia; Das 12h às 00h (segunda-feira das 17h às ooh); 218 810 320; 40€ (preço médio)
“Alto! Este restaurante não é novo! Longe disso!” Tem toda a razão. Acontece que este icónico espaço lisboeta renovou-se e passou a ser comandado pelos chefs Henrique Mouro e Pedro Rezende Pereira, dupla que já trabalhou junta vários anos e agora reencontra-se, juntamente com mais elementos da equipa que em em tempos brilhou no extinto Assinatura. O vincado traço de portugalidade nas criações destes cozinheiros é reconhecível nos pratos novos que agora aqui poderão ser provados. Entre eles figuram iguarias como o guloso “caldo verde” com couve frita, broa de milho e carapau fumado (8,50€), o borrego alentejano com crosta de biscoito com especiarias (25€) ou até a sobremesa de trigo barbela doce com creme de damasco e pistacho (7€).
Almeja
Rua de Fernandes Tomás, 819, Porto; Das 12h30 às 15h30 e das 19h30 às 23h30 (fecha domingo e segunda-feira); 222 038 120; 30€ (preço médio)
Na senda de espaços que não são recentes mas têm novidades que justifiquem a sua presença nesta listagem encontra-se este Almeja, no Porto. Como parte da nova geração de cozinheiros que têm revolucionado o panorama gastronómico portuense (juntamente com Vasco Coelho Santos, do Euskaduna Studio, Pedro Braga, do Mito, ou até Pedro Limão, com um restaurante homónimo), João cura têm desenvolvido um trabalho extremamente interessante nesta casa que terá pouco menos de um ano. Oferecendo pequenos menus de almoço, serviço à carta e menus de degustação mais substanciais, Cura oferece uma cozinha contemporânea, inteligente, e muito virada para os produtos e tradições típicas portuguesas.
Na carta de outono/inverno encontra-se, por exemplo, um gelado de ovelha com beterraba e camarinhas (um tipo de bagas silvestres que se encontram junto à costa), a cabeça de xara com escabeche e maçã ou a “canja” com abóbora manteiga, toucinho e gema. Um menu de degustação com sete pratos (sem bebidas) fica por 55€ por pessoa, enquanto os preços do à la carte variam entre os 3 e os 27€.
Izakaya Tokkuri
Travessa dos Fiéis de Deus, 28, Lisboa (Bairro Alto); Das 16h à 1h (sexta e sábado das 17h às 2h; fecha segunda-feira); 213 461 500; 20€ (preço médio)
Eder Haruno Santos pode ser brasileiro de nascença, mas a vida já o tornou mais japonês que “canarinho”. Aos 18 anos decidiu sair do seu país natal e descobrir o mundo. Decidiu que esse périplo começaria no Japão e essa acabou por ser a primeira e última paragem da sua aventura: apaixonou-se pelo país e sua gastronomia, primeiro, e depois por uma rapariga local, com quem ainda hoje é casado. No total passou 17 anos na “terra do sol nascente”, mais nas cidades do interior que nas metrópoles Tóquio ou Osaka. Quis o destino que conhecesse um empresário português que o convidou a vir para Lisboa pôr em prática tudo aquilo que foi aprendendo no mundo da comida japonesa — assim nasceu este Izakaya Tokkuri.
Tradicionalmente, as izakayas são uma espécie de versão nipónica da tasca portuguesa, o sítio onde as pessoas se juntam, depois do trabalho, para comer e beber descontraidamente. O que aqui encontrará é exatamente isso: um espaço relaxado, quase só com lugares ao balcão, onde poderá provar clássicos japoneses como o ramen ou até receitas menos habituais (em terras lusas) como o caril japonês com tonkatsu, uma espécie de panados de porco japoneses. Para ajudar a trazer tudo “para baixo” experimente um dos mais de 20 sakes que aqui são servidos.
BouBou’s
Rua Monte Olivete, 32A, Lisboa (Príncipe Real); Das 12h às 23h30 (não fecha); 213 470 804; 30€ (preço médio)
A história de Alexis e Agnes quase podia dar num filme. Conheceram-se em Londres, ambos trabalhavam no ramo da restauração (passaram por sítios como o famoso Mandarin ou o igualmente célebre Chiltren Firehouse), e decidiram mudar de vida. Alexis, francês, tinha ligações familiares a Portugal e decidiu trazer a sua Agnes (que é húngara) para a terra que sempre lhe pertenceu mas o próprio nunca explorou. Tinham uma empresa também ligada á área dos restaurantes mas criam criar um “a sério”, só dos dois. Procuraram, procuraram e procuraram e quando estavam prontos a desistir deram de caras com o espaço onde hoje mora o bonito BouBou’s. Descontraído mas com uma oferta gastronómica bem pensada (Louise, a jovem cozinheira que lá trabalha, passou pelas “mãos” do mestre Alain Ducasse, por exemplo), este recente cantinho bem escondido serve menus executivos o dia todo — pensando nas pessoas que não têm hora de almoço há mesma hora que os comuns mortais — e tem serviço à carta normal, também.
Neste momento está a introduzir pratos mais invernosos e é por causa disso que pode encontrar a deliciosa sopa de alcachofras com trufa (6€), por exemplo, mas continua a ser servido o prato que rapidamente se tornou imagem de marca deste ainda jovem BouBou’s, o “kebab” de cordeiro com pão pita e condimentos como cebola roxa em pickle, molho tzatziki, harissa e chimichurri (custa 44€ mas dá para 3 pessoas, à vontade) — a perna do animal vem inteira para a mesa e é lá que o staff a “desmancha”, para que cada cliente possa ir fazendo o seu próprio kebab. Destaque ainda para o guloso pappardelle com bisque de lavagante e sapateira.
Casario
Gran Cruz House Hotel, Rua de Cima do Muro, 61, Porto (Ribeira); Das 12h30 às 15 e das 19h às 22h (domingo só serve almoços, fecha segunda); 227 662 270; 40€ (preço médio)
O chef Miguel Castro Silva é um dos mais respeitados cozinheiros portugueses e isso qualquer colega seu o confirmará. Pioneiro na utilização de uma série de técnicas e combinações de sabores, serve ainda hoje receitas com mais de dez anos que continuam perfeitamente atuais. O antigo técnico de som — chegou a gravar alguns dos primeiros discos de Rui Veloso, por exemplo — virado chef ganhou fama com o Bull & Bear, no Porto, e depois de uma série de anos em sucessos encerrou-o e mudou-se para Lisboa, onde abriu vários projetos, uns já lhe saíram das mãos (como o Largo ou o Lumni) e outros continua o seu caminho, fortes. Comobom filho a casa regressa, este homem do norte aceitou o convite da Gran Cruz para abrir um restaurante na novíssima unidade hoteleira que a marca vincula já abriu, na zona da Ribeira, e o resultado disso é este Casario.
De ar clássico e acolhedor, esta nova casa tanto dispõe de dois menus de degustação — feitos em parceria com o chef José Miguel Guedes –, o Ribeira (cinco momentos, 48€) e o Casario (sete momentos , 58€ sem vinhos) como serviço à carta. Em ambos os cenários vai poder provar clássicos como o robalo marinado com ervas frescas (12€) como outras criações: o Porco com Migas de Paio e Couve Lombarda (21€) é uma delas, por exemplo.
Optimista
Rua da Boavista, 86, Lisboa (Cais do Sodré); Das 12h às 14h30 e das 19h às 23h (sábado das 18h às 00h, domingo e segunda fecha); 213 460 629; 30€ (preço médio)
Rita Andringa e Filipe Rocha sempre gostaram de cozinhar. Entre as jantaradas em sua casa e as refeições ligeiras que serviam na cafetaria do Carpe Diem Arte e Pesquisa, chegaram à conclusão que queriam levar tudo isto mais a sério e partir para um restaurante “a sério”, que servisse almoços e jantares todos os dias. Assim nasceu este Optimista, a mais recente casa de comidas da faixa quase neutra entre as zonas do Cais do Sodré e Santos.
Com uma dupla de cozinheiros (André Andrade e Pedro Correia) à frente do receituário moderno mas muito ligado à tradição portuguesa e suas influências estrangeiras, os pratos deste Optimista começaram a servir obras de arte tão especiais quanto as que aparecem penduradas nas paredes — a componente “Arte” foi muito importante para Rita, que decorou o espaço inspirada no Pap’Açorda, um dos seus restaurantes favoritos — desta antiga loja de motores agrícolas. Tanto nos menus de almoço mais condensados como nas versões para jantar mais extensas é possível encontrar pratos como o bife do espelho da pá na pedra com xerém frito e, ovo a baixa temperatura e pickles (19€), a tomatada com infusão de alecrim e ovo escalfado (5€) ou a feijoada de choco com arroz (10€). Para sobremesa não deixe escapar o leite creme com infusão de alecrim (4€).
Artigo atualizado às 15h58 de dia 15 de novembro de 2018