A tecnologia já existia – basta olhar, por exemplo, para os smartphones. Mas, até agora, continuava ausente dos automóveis, regra com que o novo Touareg rompe, ao introduzir no lugar do painel de instrumentos um display curvo, de alta definição, completamente configurável. A solução (opcional) aporta uma série de vantagens – já lá iremos – e tem a particularidade de envolver portugueses, sem os quais esta inovação não poderia ser, pela primeira vez, integrada no cockpit de um automóvel de produção em massa.

“Parte do segredo desta nova solução tem a criatividade e o know-how de engenheiros da Car Multimedia, em Braga”, avança a Bosch em nota enviada à imprensa, documento onde o presidente dessa divisão, Steffen Berns, aproveita para balizar a importância deste avanço que tem talento português por detrás:

Os dias dos painéis de controlo totalmente planos chegaram ao fim. Com o primeiro painel de instrumentos curvo do mundo, a Bosch dá início a uma nova dimensão nos cockpits de veículos.”

Aos especialistas de Braga coube dar suporte ao desenvolvimento do produto, tendo agora a seu cargo futuros designs e adaptações. Carsten Stoll, que está à frente da equipa de engenharia mecânica para sistemas de instrumentação da Bosch Car Multimedia em Braga, esclarece que a equipa que lidera “é responsável por especificar e desenhar todas as partes físicas do produto”, ao mesmo tempo que a assemblagem e a expedição também se realizam em Braga.

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Qual é a vantagem?

Não é uma, são várias. A mais importante é o grau acrescido de segurança oferecido aos condutores e ocupantes do novo Touareg, uma vez que a curvatura do ecrã foi projectada para simular a curvatura percepcionada pelo olho humano. Com isso, a informação exibida no painel de instrumentos torna-se mais legível. “O condutor consegue identificar mais facilmente os sinais de aviso, mesmo os das extremidades do ecrã”, realça a Bosch.

Outra das vantagens reside na “limpeza” promovida a bordo: desaparece uma série de botões, pois os controlos passam a ser operados digitalmente. Desta forma, ganham os construtores e ganham os clientes. Os últimos porque passam a usufruir de um habitáculo mais clean, os primeiros porque ganham espaço para poderem apresentar um interior mais inovador.

Simultaneamente, o condutor passa a poder ver aquilo que lhe interessa, em função da circunstância de utilização do veículo. Porque numa altura dará mais jeito ter o mapa de navegação debaixo de olho, noutra pode ser mais importante ir controlando o velocímetro. “Cada informação pode ser mostrada em todo o ecrã [quase 31 centímetros na diagonal] ou em conjunto com outros conteúdos”, com a garantia que “o condutor tem visibilidade permanente do conteúdo que quer consultar”. Como? Graças ao recurso a um processo denominado ‘optical Bonding’, que consiste em utilizar líquido muito fino para ligar o painel de instrumentação directamente ao vidro. Em resultado, este tipo de ecrã tem quatro vezes menos reflexos que um display convencional, o que significa que o contraste é sempre maior, seja em ambientes escuros ou luminosos.