A Lime, a empresa norte-americana que tem trotinetes elétricas em várias cidades — incluindo Lisboa —, retirou todos os aparelhos nas cidades de Zurique e Basileia, na Suíça, por falhas de segurança, segundo comunicado da imprensa citado pelo Techcrunch. As trotinetes paravam abruptamente no meio de uma viagem, projetando os passageiros.

“A investigação está em curso. Depois das primeiras pistas, estamos atualmente a investigar se uma atualização do software pode estar a reiniciar o sistema durante a viagem, desencadeando a proteção antirroubo”, escreveu a empresa no comunicado. “Já tomámos medidas para assegurar que isto nunca mais vai acontecer. De qualquer forma, estamos a testar cada aparelho cuidadosamente para assegurar que não restam problemas no software e no hardware.”

Largadas em passeios e a impedir a passagem. As trotinetes elétricas já criam problemas lá fora e começam a atrapalhar também em Lisboa

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Em novembro de 2018, o velocímetro falhou, o aparelho travou a roda da frente e o ocupante foi projetado partindo o cotovelo. Felizmente, a queda aconteceu em frente ao hospital — curiosamente, onde o médico trabalha. O problema é que entre cirurgia, internamento, fisioterapia e recuperação total, o médico vai ficar vários meses sem conseguir cumprir as suas funções em pleno.

Outro utilizador descia uma rua a 25 quilómetros por hora quando a trotinete deixou de funcionar. Quando a roda da frente ficou totalmente bloqueada, o especialista em computação foi lançado e deslocou um ombro. “No meio do azar, eu tive sorte. Mas as pessoas podem morrer num acidente destes”, disse, citado pela Watson. Um terceiro utilizador, também projetado, ficou com arranhões e nódoas negras.

Uma falha nos travões — ainda que não esteja relacionada com os problemas na Suíça — também fez cair um cidadão português em Lisboa, Paulo Simão Caldas, advogado de 57 anos, partiu o braço, uma costela e fez um traumatismo craniano, noticiou a Sábado.

Idosa morre atropelada por uma trotinete elétrica em Barcelona. É o primeiro caso fatal conhecido

Não por falhas de segurança dos equipamentos, mas em parte por utilização indevida dos mesmos, já houve pelo menos duas mortes em Espanha, ambas em Barcelona. Uma delas, de uma mulher que conduzia a trotinete numa estrada e foi atropelada por um camião. Outra, de uma idosa que foi atropelada por uma trotinete a 30 quilómetros por hora numa rua pedonal no centro da cidade. Espanha não tem legislação específica para estes veículos, permitindo que possam circular nos passeios, mas Barcelona proibiu a circulação no centro da cidade e Madrid também proibiu a circulação das trotinetes elétricas.

Em França, o governo proibiu que as trotinetes andem nos passeios. Em Portugal, existe legislação específica para estes veículos a motor, que também não podem circular nos passeios, mas o facto de poderem ser deixados em qualquer também tem causado algumas reclamações entre as pessoas.

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As falhas de segurança da Lime não são, contudo, uma novidade europeia. Também em outubro, o risco de explosão das baterias levou à recolha de 2 mil trotinetes elétricas da Lime nos Estados Unidos. A empresa garantiu que nenhum utilizador tinha sido colocado em risco. O risco deste tipo de defeito, no entanto, não se restringe apenas a quem viaja nas trotinetes, mas também aos “juicers” — pessoas que não são funcionários da empresa, mas que recolhem as trotinetes e as carregam. As baterias podiam explodir-lhes em casa.