José Pedro Aguiar Branco anunciou, em entrevista ao Expresso, que vai renunciar ao lugar de deputado até ao final do mês. O objetivo é deixar claro que a sua divergência com Rui Rio (e o seu apoio à iniciativa de Luís Montenegro) não acontece apenas porque “está agarrado ao lugarzinho” de deputado.

“Vou renunciar ao meu cargo, até ao final deste mês deixarei de ser deputado, e como é óbvio não serei candidato a deputado nas próximas eleições legislativas”, disse, defendendo a investida de Montenegro por estar inserida numa lógica de que “o país precisa de um PSD que seja uma alternativa clara e inequívoca ao PS e ao Governo”. Uma alternativa que, na perspetiva do ex-ministro, o atual presidente do partido não tem sido capaz de protagonizar.

Para Aguiar Branco, nem o timing do desafio de Montenegro é um obstáculo à legitimidade da iniciativa. “Faz sentido o desafio, e não vejo problema de timing para se abrir um processo nesse sentido. A questão que o timing coloca é a responsabilidade de construirmos uma alternativa forte a tempo e horas”, disse na mesma entrevista, onde também garantiu que não vai marcar presença no Conselho Nacional desta quinta-feira, que vai decidir o futuro da liderança do PSD.

Sobre a questão que, neste momento, está em dúvida entre os conselheiros — se a votação da moção de censura vai ser por voto secreto ou voto de braço no ar –, Aguiar Branco já fez a sua escolha: “Uma votação secreta é muito mais correta para questões desta natureza. Eu, se fosse presidente do partido, era essa que seguiria”.

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Miguel Relvas: Rio devia ter convocado Montenegro

Numa outra entrevista, à TSF, Miguel Relvas, também ex-ministro do governo de Passos Coelho, se mostrou ao lado de Luís Montenegro, defendendo mesmo que Rui Rio devia ter convocado o adversário a estar presente no Conselho Nacional e a discursar.

Para Relvas, Rio escolheu o caminho mais fácil para vencer a disputa interna, ao pedir uma moção de confiança ao Conselho Nacional já que Luís Montenegro “não desafiou nem o Conselho Nacional, nem a Comissão Política. Desafiou o líder do partido”.

Também Miguel Relvas, como Aguiar Branco, não vê problema no timing do desafio, e puxa de recordações passadas: “Já houve outros líderes que viram a sua liderança questionada no passado, nomeadamente Durão Barroso que teve um congresso violentíssimo e onde se afirmou para depois ganhar as legislativas um ano depois”.