A história de Julen Jimenez, o bebé de dois anos que morreu num poço, em Málaga, continua a ser investigada pelo tribunal. Até lá, há várias questões que continuam sem resposta, especialmente no que diz respeito ao estado do furo de prospeção de água e como foi possível uma criança cair naquele buraco quando os responsáveis do local dizem que o poço estava tapado. E há duas figuras no centro da incógnita: David Serrano, tio de Julen e dono do terreno onde ficava o poço, e Antonio Sánchez, responsável pela escavação do buraco.

Esta terça-feira, numa conferência de imprensa, o familiar quis falar sobre o que aconteceu, lamentou o incidente e deu uma informação ao caso que vem contradizer algumas das coisas que já foram ditas: o buraco, afinal, não estaria selado no dia em que tudo aconteceu. Terá sido o dono do terreno a tapar o poço com dois tijolos de 13,5 quilos no mesmo dia em que Julen caiu, face ao perigo que o poço aberto significava. Mas, e se esta versão se confirmar, não foi suficiente.

No dia em que a criança morreu, Julen estava no terreno do tio, juntamente com os seus pais. Rondavam as 13h00 quando chegaram. David Serrano explicou que estava a fazer uma fogueira e que avisou do perigo que o poço aberto poderia representar.

Estava a fazer uma fogueira e alertei para o perigo que existia. Mas nunca imaginei que houvesse espaço para a criança [caber naquele poço]. Nunca me vou perdoar”, disse David Serrano em conferência de imprensa, citado pelo El Español.

Foi então que o tio de Julen recordou ter ouvido vozes “aterrorizantes” a gritar, dirigiu-se até onde as crianças estavam e concluiu, então, que o pequeno Julen tinha escorregado pelo buraco e desaparecido. Desde aí, diz Serrano, que tudo se tornou indiferente: “Tenho uma filha de dois anos que estava com Julen a brincar quando ele caiu, por isso poderia ter acontecido com a minha filha. Não me vou perdoar”, disse, visivelmente emocionado.

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O dono do terreno atribuiu também culpas a Antonio Sánchez, responsável pela construção do poço. “O António chegou com o seu camião para o terreno e fez um buraco com mais de 100 metros que deixou aberto quando saiu. Ele saiu e deixou o buraco tal e qual como está”, referiu.

A versão do responsável pela construção do poço é, no entanto, diferente. Antonio Sánchez diz ter feito uma investigação à zona do poço em dezembro e como não encontrou água, terminou o seu trabalho ao selar bem o buraco com uma pedra de cerca de 15 quilos que, mais tarde, terá sido removida.

E surge também outra questão: caso o poço tenha sido mesmo tapado, quer com a pedra quer com os tijolos, como foi possível que um bebé de dois anos tenha movido o material que, segundo o El Español, tem o dobro do seu peso?

Entretanto, a Câmara Municipal de Totalán anunciou que pretende transformar a zona do resgate de Julen num espaço aberto ao público. O presidente da autarquia, Miguel Ángel Escaño, disse que o projeto de reabilitar aquele terreno tinha em vista aumentar as visitas turísticas ao local, mas foi adiado com a tragédia entretanto vivida. A autarquia planeia retomar o programa de reabilitação da zona para criar um complexo turístico.

Na morte de Julen ainda há um ponto por resolver: o tampão de terra que o cobria