Rui Rio foi claro: “O PSD deve ter um objetivo. Independentemente do resultado das eleições, ganhando ou perdendo, deveria tentar afastar o Bloco de Esquerda e o PCP da esfera do poder, para que nós possamos fazer as reformas estruturais que o país necessita, de acordo com aquilo que é o seu futuro”. Em entrevista esta segunda-feira à Antena 1, o líder do Partido Social Democrata (PSD) sublinhou que a estratégia do crescimento económico do país “tem de assentar acima de tudo na variável do investimento”.

Para Rui Rio, estes dois partidos vão “puxar pela parte mais negativa do PS” na atual legislatura de distribuição dos gastos no imediato. “Antigamente distribuíam o que tinham e o que não tinham, melhoraram num aspeto: agora só distribuem o que têm, mas distribuem tudo”, referiu.

Rio afastou, contudo, uma solução de Bloco Central após as próximas legislativas no sentido clássico de “haver um primeiro-ministro do PS e ministros dos dois partidos”. Questionado se uma derrota eleitoral nas legislativas significa obrigatoriamente a sua saída da liderança do PSD, Rio respondeu negativamente, embora dizendo não perder muito tempo com esse cenário.

“Pode haver razões para sair, pode haver razões para ficar, pode haver razões que não se identifiquem logo no momento e obriguem a uma reflexão, a ouvir as pessoas”, admitiu.

O presidente do PSD disse ainda que na corrida às Europeias “perder um eurodeputado é um mau resultado”. “Bom é subir substancialmente. Muito bom é ganhar”, acrescentou. Em 2014, em coligação com o CDS-PP, o PSD ficou em segundo lugar nas europeias com 27,7% dos votos e conseguiu eleger seis eurodeputados (mais um para os democratas-cristãos).

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Rio considerou que a probabilidade de o PSD eleger nas europeias mais um eurodeputado “é muito elevada” e a de passar para oito eurodeputados “bem possível”, voltando a considerar Pedro Marques como “uma má escolha do PS”, embora sem comentar a possibilidade de o antigo ministro vir a ser escolhido como futuro comissário europeu de Portugal.

Sobre temas de atualidade, Rio admitiu que há o risco de a posição do PSD – que vai apresentar uma apreciação parlamentar ao decreto-lei do Governo – poder alimentar falsas expectativas aos professores, e reiterou que todo o tempo de serviço destes profissionais deve ser contado, mas “ao longo do eixo do tempo” e com parte dos anos a poder ser convertido em antecipação da reforma. “Faltam contabilizar sete anos, esses sete anos têm de ser um misto de dinheiro no eixo do tempo e antecipação do tempo de reforma”, defendeu.

O presidente do PSD considerou que essa antecipação “pode nem sequer custar mais dinheiro” ao Orçamento do Estado, porque, com a diminuição do número de crianças, “nem todos os professores que se reformam têm necessariamente de ser substituídos”. “O professor deixa de receber do Ministério da Educação e passa a receber da Segurança Social”, apontou.

Sobre a nova medida de redução do preço dos passes sociais, Rui Rio refere que o timing em que o Governo o fez não foi o mais correto, uma vez que se aproximam as eleições. “Isto para mim são dois eixos absolutamente fundamentais. Ponto 1: no momento em que faz é muito mau porque visa as eleições, visa dar dinheiro onde há mais eleitores. Ponto 2, a medida é completamente desigual”, sublinhou.

Para o líder do PSD, “a medida tem sentido”, por se tratar de uma aposta nos transportes públicos, mas peca por ser “especialmente dirigida à Área Metropolitana de Lisboa”.