“Não há festa como esta”. Este é o lema da Festa do Avante! há vários anos mas, a partir do próximo verão, a frase pode ter concorrência. Isto porque do tumultuoso campo da direita portuguesa vai emergir a “Festa da Liberdade”, promovida pelo Aliança. Uma festa que vai seguir o modelo do evento comunista mas que “tentará ter a sua própria marca”, como conta ao Observador Pedro Santana Lopes. O anúncio oficial foi feito este domingo em Sintra pelo líder do partido, no evento “União Europeia – Uma Visão De Futuro”.
A primeira edição da Festa da Liberdade vai acontecer nos dias 6, 7 e 8 de setembro, precisamente as datas para as quais está agendada a festa promovida pelos comunistas. Mas as semelhanças não se esgotam aqui, nas datas e no estilo. Também as haverá no conteúdo. “Será um evento em nome da coesão nacional, que se destina a todos os setores. É para as pessoas de direita, do centro e de esquerda. Vai contar com representações, costumes, tradições, gastronomia de todo o país, folclore, artes plásticas e música de todo o género“, explica Santana Lopes.
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Para o ano de estreia o local escolhido foi Lisboa. Mais concretamente no Alto da Ajuda, junto do polo universitário. “O espaço foi solicitado à Câmara de Lisboa e foi-nos dada a autorização”, garante Santana Lopes. E, novamente, a localização também permite traçar um paralelo com a Festa do Avante!: é que entre 1979 e 1986 a festa do PCP assentou arraiais… no Alto da Ajuda. Foi, aliás, por causa da construção da Universidade de Arquitetura que os comunistas se viram obrigados a deslocalizar o evento e a procurar um espaço próprio. Agora, e depois de o espaço já ter recebido outros festivais, vai voltar a acolher uma festa política.
O Aliança ainda não decidiu se nas próximas edições o evento vai continuar pela capital ou se vai andar pelo país. Tudo dependerá do sucesso da Festa da Liberdade. “Há muita coisa ainda por fechar. Mas estou muito entusiasmado com a ideia”, confessa o líder do partido.
As comparações com a festa que muitos dizem ser maior que o próprio PCP são inevitáveis e o presidente do Aliança não foge delas. “Não tenho problemas em admitir que a Festa do Avante! serviu de inspiração para a criação da Festa da Liberdade. E mais, gostávamos que se afirmasse como a Festa do Avante!”, reconhece Santana Lopes. “Queremos criar um ato cultural e esperamos que trazer para a política esse lado”, acrescenta.
Pedro Santana Lopes avisa que este evento não pretende “concorrer com outras festas”. A coincidência de datas na primeira edição explica-se com o calendário eleitoral. “No fim-de-semana anterior ainda é agosto e no seguinte já haverá campanha”, justifica.
Outro dos objetivos da festa será o de funcionar como um evento de angariação de fundos. “Sempre dentro daquilo que a lei permitir”, esclarece o fundador do partido. “Claro que olhamos com interesse para essa vertente, mas veremos como corre”, conclui.
Para já, a primeira edição da Festa da Liberdade vai disputar diretamente a atenção mediática com a Festa do Avante!, tendo a pré-campanha eleitoral como pano de fundo. Embora Santana Lopes assegure que “não será uma rentrée”, à esquerda e à direita do rio serão dados os tiros de partida de campanha para as legislativas de outubro.