Depois de há uns dias ter sido noticiado que havia novos suspeitos e novas pistas associadas ao desaparecimento de Madeleine McCann, sabe-se que um dos novos suspeitos (a polícia está a investigar mais outro cuja identidade ainda é desconhecida) é um homem alemão que está preso desde 2012 por ter morto três crianças e molestado pelos menos outras 40.

Segundo o Daily Mail, chama-se Martin Ney, tem 48 anos e terá viajado por Portugal algures nos anos 90, depois de já ter estado no Equador, em 1993, e no Peru, em 1995. Gonçalo Amaral, o inspetor da Policia Judiciária que mais de perto acompanhou todo o caso Maddie, explicou numa entrevista a um jornalista australiano que a polícia portuguesa estava a investigar um “pedófilo alemão”, mas recusou-se a identificá-lo. Já Clarence Mitchell, o porta-voz do casal McCann, explicou ao Daily Mail que Ney “pode ser” um suspeito porque “encaixa no perfil” e é “um conhecido predador pedófilo”. “É muito provável e plausível que a policia esteja a olhar para ele [Ney], mas pode ser outra pessoa qualquer. Há um certo grau de credibilidade de que possa ser Ney, mas não podemos especular”, acrescentou Mitchell.

Independentemente disso, o representante dos pais de Maddie explicou que Martin Ney já tinha sido “entrevistado” a propósito do desaparecimento da menina inglesa, mas recusou ter alguma coisa a ver com o assunto. Tudo isto não invalida, porém, que as autoridades portuguesas estejam “a fechar o cerco” no raptor de Madeleine, seja ele quem for. Pelo menos é isso que Mitchell, defende, alegando também que isso deve-se a “dicas” da Scotland Yard.

Martin Ney, o pedófilo e assassino alemão

Sobre o mesmo assunto, a Sky News explica o sucedido de maneira ligeiramente diferente,  alegando que foi a polícia alemã a chamar à atenção da PJ, que continua a trabalhar com a Scotland Yard.  Seja como for, o mesmo canal britânico explica que esta nova “reviravolta” na história ajudou os investigadores portugueses (“baseados no Porto”, afirma a Sky News) a ter um reforço do financiamento e mão-de-obra disponíveis.

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Outra informação que ainda não está 100% confirmada é a presença ou não de Ney no Algarve na altura do desaparecimento. Enquanto o The Sun afirma que as autoridades britânicas estão “a tentar esclarecer” se o suspeito alemão estava pelo sul do país no fatídico dia, a Sky News confirma que ele estava a viver em território algarvio nesse momento.

Quem é Martin Ney, “o mascarado”?

Crianças em campos de férias ou em dormitórios escolares: eram estes os principais alvos de Martin Ney, homem que aos 21 anos terá terminado a sua formação enquanto professor e que, desde então, começou a viajar com grande frequência. Passou várias vezes pela América Latina, nos anos 90, mas também ia com frequência à Dinamarca e à Holanda. Sabe-se que também esteve por Portugal e há até quem afirme que chegou a viver na zona de Aljezur. Aliás, fala-se que chegou a ser associado ao desaparecimento de um rapaz alemão chamado Renee Hasse, em 1996, nessa localidade, mas nunca chegou a ser acusado.

Presença frequente em chats — costumava apresentar-se com o nome GerdX –, Ney costumava atacar todo vestido de preto, com a cara tapada com balaclavas negras e foi isso que que lhe valeu a alcunha de “o mascarado”. Numa conversa online de 2002 — a investigação que lhe rendeu uma prisão perpétua, que ainda cumpre, vasculhou todos estes registos –, o pedófilo e assassino revelou parte importante da sua forma de atuar: “Comprei um fato camuflado para saltar dos arbustos em parques infantis se encontrar um rapaz bonito a passar”, escreveu.

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Por muito que ainda não se saiba ao certo se esteve envolvido no desaparecimento de Maddie, o seu perverso historial criminoso é bastante conhecido pelas autoridades de vários países europeus e todas elas acreditam que tenha começado na sua Alemanha natal, em 1992. Terminou em abril de 2011, quando uma mega-operação policial conseguiu apanhá-lo, mas isso não apaga o rasto que deixou para trás — a morte de pelo menos três crianças e 40 casos de abuso sexual de menores.

Por muito que seja difícil identificar ao certo todos os crimes que cometeu, há certezas em relação aos casos que selaram a sua sentença: a morte de Stefan Jahr (13 anos), em 92, que foi raptado à noite do colégio interno que frequentava; Dennis Rostel (8 anos), em 95, que foi roubado de um acampamento em Schleswig-Holstein, Alemanha, e encontrado morto na Dinamarca ; bem como Dennis Klein (9 anos), em 2001, que foi abduzido quando participava numa visita de estudo na Baixa Saxónia, também em território alemão. Entretanto terá assumido perante um colega de cela a autoria de um outro assassinato, o de Jonathan Coulom, de 10 anos, que foi raptado e morto em 2004, na cidade francesa de Saint-Brevin-les-Pins.

Por definir está ainda o caso de Nicky Verstappen, de 11 anos, que desapareceu (há fortes suspeitas de que foi morto) de um campo de férias em Brunssum, na Holland, em 1998. Apesar de não haver qualquer ligação legal entre Ney e este caso, há fortes suspeitas de que terá sido ele o responsável pelo desaparecimento (e eventual morte) desta criança. Martin assumiu que matava a crianças para “ocultar” os abusos que lhes fazia, daí ser difícil saber ao certo se o número de mortes é maior do que aquele que se conhece.

Ainda não é claro como é que Ney foi associado ao desaparecimento de Madeleine McCann, mas o facto de ser extremamente parecido com o retrato robô do presumível raptor de Madeleine, feito em 2013, pode ser um pormenor que reforça as suspeitas.