O Presidente dos Estados Unidos, disse este domingo que o procurador-especial Robert Mueller “não devia testemunhar” perante o Congresso. Mueller, que investigou as suspeitas de interferência dos russos na campanha presidencial de 2016 — e cujo relatório foi publicado no mês passado afastando a hipótese de conluio de Trump —, é esperado no parlamento norte-americano este mês para falar aos congressistas. Mas Trump não concorda com a ideia, uma vez que o relatório concluiu que “não houve crime”.

Divulgado a 18 de abril, o relatório do procurador-especial Robert Mueller não acusou Donald Trump de nenhum crime —levando o Presidente norte-americano a reagir afirmando que as conclusões significavam um “Game Over” para os seus adversários políticos —, mas, como o Observador explicou neste especial, deixou indícios de que o presidente poderá ter obstruído a justiça várias vezes e não o ilibou diretamente de nada.

Os sete indícios no relatório Mueller que deixam Trump em maus lençóis — e o que pode ser feito com eles

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Na altura, especialistas explicaram ao Observador que Mueller respeitou o precedente do Departamento de Justiça dos EUA de não acusar formalmente o Presidente que está em funções. Porém, com a convocatória para testemunhar perante o Congresso para explicar as suas conclusões aos congressistas — e, por conseguinte, aos cidadãos norte-americanos —, o caso passa para a arena política, onde o parlamento pode considerar que o relatório tem matéria suficiente (ainda que não criminal) para lançar um impeachment a Trump.

Na última sexta-feira, quando foi questionado pelos jornalistas sobre a possível audiência de Mueller perante o Congresso, Trump respondeu: “Não sei. Isso é com o nosso procurador-geral, que tem feito um trabalho fantástico”. De acordo com o Politico, o procurador-geral William Barr já disse ao Congresso que não tem nenhuma objeção à audição de Mueller.

Agora, Trump recorreu ao Twitter para dar a opinião que não deu na sexta-feira: “Após ter gastado mais de 35 milhões de dólares ao longo de um período de dois anos, ter entrevistado 500 pessoas, usado 18 democratas irados que odeiam Trump e 49 agentes do FBI — tudo para culminar num relatório de mais de 400 páginas que mostrou que não houve conluio — porque é que os democratas no Congresso agora precisam que Robert Mueller testemunhe? Estão à procura de uma repetição porque odiaram a conclusão de que não houve conluio? Não houve crime, excepto do outro lado (que incrivelmente não foi incluído no relatório), e não houve obstrução. Bob Mueller não devia testemunhar. Nada de repetições para os democratas”.

Robert Mueller foi convocado para testemunhar no Congresso pelos democratas naquela câmara, que propuseram a data de 15 de maio, embora ainda não se saiba se Mueller vai mesmo falar nem quando o irá fazer.