Depois de ter pedido, no início da semana, ao PS, PSD e CDS que se pronunciassem publicamente — e antes das eleições — sobre o que farão relativamente à proposta de orçamento europeu que corta os fundos de coesão dedicados a Portugal em 7%, o candidato da CDU às eleições europeias voltou a lançar um repto àqueles partidos. Agora, que digam o que vão fazer quanto à reforma da Política Agrícola Comum, alvo de reforma na próxima legislatura europeia.
“Esta é que é a hora das clarificações. O que pensam fazer os vários partidos?”, questionou João Ferreira, durante um jantar-comício em Serpa esta sexta-feira, encerrando a passagem da caravana da CDU pelo Alentejo. À semelhança do que tinha feito antes (quando disse que a CDU não votará favoravelmente um orçamento que inclua qualquer corte de verbas para Portugal), deu a garantia da posição da coligação: trabalhará no sentido salvaguardar os recursos nacionais e de colocar os agricultores portugueses em pé de igualdade com o resto da Europa.
O cabeça de lista da coligação lembrou aquilo que tem vindo a defender sobre a agricultura e argumentou que se os portugueses soubessem o que sabem hoje não teriam tido a mesma posição sobre a adesão à CEE. “Foi a CDU quem combateu como ninguém os impactos que três décadas de Política Agrícola Comum tiveram no nosso país”, considerou. “Fomos nós quem avisou que as promessas do Mercado Único e os rios de dinheiro da CEE com que iludiram os agricultores portugueses antes da adesão iriam redundar na destruição da nossa capacidade produtiva”, acrescentou.
Enorme aplauso à entrada de João Ferreira, candidato da CDU às #Europeias2019, no Centro de Exposições de Serpa, para o jantar com apoiantes que encerra a passagem da caravana pelo Alentejo #EE2019 pic.twitter.com/uzcWJyX6Rx
— Observador (Eleições) (@OBSEleicoes) May 17, 2019
Segundo João Ferreira, “se tivessem dito aos agricultores” que iam “destruir” a produção, acabar com postos de trabalho e deixar ao “abandono 700 mil hectares de terras aráveis”, “seguramente a euforia não teria sido tanta”. Depois, falando diretamente aos quase duzentos alentejanos apoiantes da CDU presentes no jantar-comício, João Ferreira assegurou que “se tivessem dito” a um país que já produziu trigo e centeio “que agora temos de importar 95% dos cereais que consumimos, com certeza que as opções do povo teriam sido outras”.
O candidato da CDU recordou também que a coligação apresentou, “aquando da última reforma da PAC, mais de 150 propostas”, por isso este será “um momento chave para assegurarmos o direito de cada país e não de apenas alguns a produzir, o direito a defender a sua soberania alimentar”. A reforma da PAC, defendeu, deverá passar por uma melhor “redistribuição das verbas” e pelo fim da “distribuição de rios de dinheiro pela simples posse da terra sem obrigatoriedade de produzir”.
“Às vezes tem piada ouvir os candidatos do PS, PSD e CDS a discutir taxas de execução do Portugal 2020 ou do ProDer”, disse João Ferreira, para questionar se “não foram eles” que aprovaram regras para Portugal “não investir para não agravar o défice”. Para o candidato da CDU, as preocupações com a população “devem estar à frente do cumprimento das regras do défice” e deu mais alguns exemplos, como o IP8, que serve a região e que precisa de ser melhorado, ou a ferrovia, uma grande necessidade no Alentejo. E aproveitou a deixa para atacar o cabeça de lista do PS, Pedro Marques, sublinhando que nestes casos, “o plano de investimento do ex-ministro Pedro Marques ou não responde ou a resposta que dá está no plano da indigência”.
Sobre o primeiro desafio lançado a PS, PSD e CDS, sobre a aprovação ou não do orçamento comunitário no Parlamento Europeu (e também lançado ao Governo português para que o vete no Conselho), João Ferreira disse esta tarde que continuava à espera de respostas — e que iria interpretar o silêncio também como resposta. Fica agora à espera de mais uma ronda de respostas, numa campanha em que está apostado em diferenciar-se das outras forças no plano das políticas europeias em vez de nas divergências nacionais.