O Governo alemão aconselhou os judeus a não usarem o quipá, peça de vestuário usada pelos homens para cobrir a cabeça, em público, em qualquer local da Alemanha, devido ao aumento dos crimes antissemitas no país. Em entrevista ao Funke, Felix Klein, comissário do antissemitismo, admitiu que a sua opinião relativamente ao tema “mudou” e sugerir que a atual situação se deve a uma maior “desinibição social”, para a qual contribuíram a Internet e as redes sociais. “Mas também os contínuos ataques à nossa cultura da lembrança”, acrescentou.
Os últimos dados divulgados pelo Ministério do Interior alemão revelaram um aumento de quase 20% nos crimes contra a cultura judaica no último ano. Os ataques físicos contra judeus também aumentaram substancialmente, de 37, em 2017, para 62, em 2018. Cerca de 90% dos incidentes são levados a cabo por apoiantes de grupos da extrema-direita.
Num dos casos registados em 2018, um homem que usava a Estrela de David foi espancado no centro de Berlim, recordou o G1. Semanas antes, um jovem de 19 anos atacou dois judeus que usavam o quipá. O ataque foi considerado como tendo motivações religiosas. “O antissemitismo sempre existiu aqui, mas acho que, recentemente, se tornou mais audível, mais agressivo e mais flagrante”, considerou recentemente Claudi Vanoni, uma das principais especialistas legais em crimes antissemitas na Alemanha, em entrevista à France-Presse.
De modo a combater este crescimento preocupante, Felix Klein apelou a que a polícia e outros oficiais recebessem um treino mais especializado. Na opinião do comissário, existe “muita incerteza quanto ao modo de lidar com o antissemitismo entre a polícia e os oficiais do governo”, citou a CNN. Klein deu também a entender que as autoridades nem sempre sabem o que é considerado crime e o que é que não, considerando, por isso, necessário que a polícia, advogados e professores sejam instruídos sobre o que é “claramente definido” como um comportamento aceitável.