Onze futebolistas e dirigentes desportivos espanhóis foram acusados de formar uma organização criminal que combinava resultados na Primeira Liga, Segunda Divisão, e Segunda Divisão B do país, de forma a ganhar dinheiro através de apostas. Segundo o jornal espanhol El País outras 21 pessoas estão a ser investigadas, e o cabecilha da alegada organização criminosa será o antigo jogador Raúl Bravo (ex-jogador de Real Madrid, Olympiacos e da seleção espanhola retirado desde 2017.
Na lista dos detidos figuram os nomes do ex-atleta Carlos Aranda (formado no Real Madrid e reformado desde 2015); os futebolistas no ativo Iñigo López Montaña (que passou por Huesca e Cordóba, jogando agora pelo Desportivo La Corunã) e Borja Fernández (que representa o Valladolid, após fazer a formação no Real Madrid).
O Servimedia cita fontes policias que indicam que Samuel Saíz (formado no Real Madrid, passou por Atlético de Madrid e Huesca, e está hoje emprestado pelo Leeds ao Getafe) ainda não foi detido, mas está sob investigação.
¡¡¡Detenido!!! Así conducen agentes de la Policía Nacional a Borja Fernández, recién retirado del Real Valladolid, dentro de una operación contra el amaño de partidos pic.twitter.com/jLV4fJX0ga
— Onda Cero Valladolid (@ocvalladolid) May 28, 2019
Também foram detidos Agustín Lasaosa, o presidente da Sociedad Deportiva Huesca, e Juan Carlos Galindo Lanuza, responsável pelos serviços médicos do mesmo clube. Samuel Sainz e Iñigo López Montaña coincidiram no Huesca entre 2015 e 2017. Agustín Losa é acusado de coordenar a viciação de resultados em conjunto com Raúl Bravo.
Todos os detidos são acusados de associação criminosa, corrupção e branqueamento de capitais.
Jogo entre Huesca e Nástic terá levantado suspeitas
O ABC indica que terá sido um jogo entre o Huesca e o Nàstic de Tarragona, na jornada 41 da Segunda Liga Espanhola de 2017/18, a espoletar a investigação. O Huesca já tinha garantida a sua promoção à Primeira Liga, enquanto que o Nástic precisava de vencer para ter a manutenção na Segunda Liga.
????Operación contra una organización de “amaños deportivos” en el #fútbol profesional de Primera y Segunda
Los investigados alcanzaban acuerdos con los jugadores para amañar los encuentros.#Huesca
Más info⤵https://t.co/kmCwebZEsz pic.twitter.com/FOku7KXv8X— Policía Nacional (@policia) May 28, 2019
O jogo terminou com a vitória do Nástic por 1 a 0, com um golo de Ikechukwu Uche aos 72 minutos. Mas horas antes do apito inicial as maiores casas de apostas do mundo, avança o AS, terão suspendido todas as apostas no resultado devido a um volume de investimentos 14 vezes mais elevado do que o normal, particularmente com origem em países do Leste da Europa.
A maioria das apostas indicaria um empate a zeros ao intervalo e a vitória por um golo do Nástic, exatamente como se verificou. Foi a Liga Espanhola a chamar a atenção das autoridades para o evento, levando ao início da operação.
Também uma partida entre o Sariñena e o Cariñena, no grupo 17 da Segunda Liga B 2017/18, estará sob suspeita. A partida terminou empatada 1-1 com golos de Dani García e Roncea.
Valência de Gonçalo Guedes a ser analisado
Um dos três jogos que está a ser analisado ao pormenor por suspeitas de manipulação é o da última jornada da La Liga em que o Valência garantiu o acesso à Liga dos Campeões com uma vitória sobre o Valladolid, fora, por duas bolas a zero. Quem avança com esta possibilidade é o jornal espanhol ElConfidencial, que destaca a aparente facilidade com que a equipado português Gonçalo Guedes marcou os golos da vitória: no primeiro há uma perda de bola incrível do central do Valladolid e no segundo Rodrigo Moreno (que teve uma passagem muito feliz no Benfica) fica na cara do guarda-redes praticamente sem oposição.
O Valladolid tinha garantido a permanência na La Liga uma jornada antes e na teoria não tinha nada a perder com uma derrota. As suspeitas desta manipulação intensificaram-se quando vários peritos em probabilidades identificaram cotações anormais nas probabilidades de vitoria com handicap.
[Os golos suspeitos do Valladolid-Valência]
Em Portugal já houve um caso semelhante que envolveu o ex-futebolista Abel Silva.