O Presidente dos EUA, Donald Trump, deu uma entrevista onde recuou na possibilidade de o acesso ao serviço nacional de saúde britânico estar incluído num possível acordo comercial com o Reino Unido, depois de essa possibilidade ter levantado várias críticas da esquerda à direita no Reino Unido.

A confusão ficou lançada na conferência de imprensa em que Donald Trump esteve lado a lado com a primeira-ministra demissionária do Reino Unido, Theresa May. Quando questionado sobre a possibilidade de incluir o serviço nacional de saúde britânico no acordo entre os dois países, Donald Trump disse à altura que “tudo estará em cima da mesa, o NHS, tudo”.

Ao incluir o NHS (sigla inglesa) num possível acordo comercial pós-Brexit com os EUA, as empresas norte-americanas, desde prestadoras de serviços de saúde até a farmacêuticas, poderiam celebrar contratos com o serviço nacional de saúde britânico. Além de uma possível subida de preços, os críticos desta possibilidade apontam ainda a hipótese de os padrões de qualidade do NHS virem a baixar para se adaptarem às empresas norte-americanas.

Porém, numa entrevista ao jornalista Piers Morgan (que se gaba de ser amigo de Donald Trump, desde que venceu o seu reality-show, “O Aprendiz”), Donald Trump fez marcha atrás nessa ideia. A entrevista aconteceu horas depois da conferência de imprensa, mas só foi transmitida esta quarta-feira de manhã.

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“Não me parece que esteja sobre a mesa. Fizeram-me essa pergunta e eu disse que tudo pode ser negociado, porque pode. Mas não acho que isso venha a estar sobre a mesa. Isso é algo que eu não consideraria comércio, não é comércio”, disse Donald Trump.

A ideia já tinha sido aventada pelo embaixador dos EUA no Reino Unido, Woody Johnson, que numa entrevista na terça-feira de manhã, quando perguntado sobre a possibilidade de o NHS entrar num acordo comercial entre os dois países, disse: “Penso que provavelmente toda a economia estaria num acordo comercial, tudo o que faz parte do comércio estaria sobre a mesa”.

A marcha atrás de Donald Trump aconteceu depois de vários políticos britânicos terem criticado a possibilidade. Um deles foi o atual ministro da Saúde, Matt Hancock, que escreveu no Twitter: “Caro senhor Presidente, o NHS não está na mesa de negociações para um acordo comercial — e nunca estará, enquanto eu cá estiver”.

O líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, disse que a inclusão do NHS num acordo comercial com os EUA seria uma política de “capitalismo do desastre” e disse: “Eles têm de entender uma coisa: o NHS não está à venda”.