O Presidente da República português afirmou na quarta-feira que “a História é o que é” e tem de ser aceite como um todo, e realçou a importância da língua portuguesa como “realidade estratégica universal”.

A História é o que é. Não é possível estar a dizer: eu da História aceito uma parte, outra parte não aceito. Foi o que foi. Podemos gostar mais ou gostar menos, honrarmo-nos mais, como eu disse em Portalegre, noutra parte, e evocarmos outra, honrando-nos menos, muito menos. Mas é uma realidade”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo Rebelo de Sousa falava numa cerimónia no Mindelo, em Cabo Verde, no seguimento de uma intervenção do presidente da comissão organizadora do Dia de Portugal, João Miguel Tavares, que falou sobre as marcas do período colonial e defendeu o ensino do crioulo cabo-verdiano em escolas dos dois países.

Sobre a questão linguística, o chefe de Estado português considerou que, “sem embargo da chamada de atenção aqui feita” quanto ao crioulo, “a língua portuguesa é um instrumento universal fundamental” para todo o espaço lusófono, “um trunfo essencial” no plano internacional.

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Nesta cerimónia de receção à comunidade portuguesa, num hotel do Mindelo, na ilha de São Vicente, que foi o último ponto das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, iniciadas no domingo em Portalegre, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu também ao desafio do seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, para que Portugal e Cabo Verde avancem a nível bilateral na mobilidade de cidadãos.

“Bilateralmente é possível, se houver Estados que querem dar esse passo”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que é preciso “encontrar a fórmula” para isso, cumprindo “duas condições”.

“A primeira é que não seja visto como algo contra outros Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). E, havendo reuniões que envolvem todos, essas reuniões têm primazia sobre aprofundamentos bilaterais”, apontou. Em segundo lugar, acrescentou, é preciso atender ao “quadro europeu em que Portugal se integra” e evitar “criar problemas” com outros Estados-membros da União Europeia que “não têm a mesma compreensão” relativamente a esta matéria.

Fazem parte da CPLP, além de Portugal e Cabo Verde (que tem a presidência rotativa da CPLP), Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.