Donald Trump afirma desde domingo que acordou com o México elementos “secretos” não divulgados para além do pacto migratório de sexta-feira. O México negou que tivesse acordado com os EUA algo mais para além do que já tinha sido anunciado. A Casa Branca não adiantou detalhes sobre o assunto. Afinal, em que é que ficamos? Confrontado com a possibilidade de estas “informações por revelar” nem existirem, Trump retirou do seu bolso um papel dobrado que fez questão de exibir na terça-feira perante os jornalistas na Casa Branca.

Depois de falar em detalhes secretos não divulgados, o presidente norte-americano terá pensado que assim permaneceriam. Mas um fotógrafo do Washington Post tirou uma fotografia que revela o conteúdo parcial do documento.

“O Governo do México vai tomar todos os passos necessários de acordo com a lei local para fortalecer o acordo com vista à sua entrada em vigor dentro de 45 dias”, escreve o fotógrafo Jabin Botsford no seu Twitter, com base no que conseguiu decifrar a partir da imagem. Botsford divulgou a fotografia original e uma segunda imagem virada ao contrário para facilitar a leitura.

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Uma outra imagem revelada pelo site de notícias White House Watch mostra alguns detalhes do acordo. “Tal acordo permitiria… obrigações legais locais e internacionais, um compromisso onde cada parte aceitaria o retorno e o processamento do estatuto de refugiados, de migrantes que atravessaram o território do país”, escreve o editor do jornal no Twitter. A folha parece ainda conter assinaturas (parcialmente visíveis no topo da imagem).

“Este é o acordo que todos dizem que eu não tenho. Vou deixar o México anunciá-lo no momento certo”, declarou Trump, enquanto exibia o papel à porta da Casa Branca. “Esta é uma página de um muito longo e bom acordo entre os EUA e o México. Dou-vos a minha palavra: o acordo está aqui mesmo”, acrescentou.

Entretanto, o Governo mexicano levantou um pouco o véu e falou sobre o documento. O ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano, Marcelo Ebrard, adiantou em conferência de imprensa que o acordo assinado na semana passada dá ao México 45 dias para provar que consegue reduzir a migração.

Se os EUA entenderem que o México não conseguiu alcançar as metas definidas, Trump poderá levar a cabo um novo acordo, revelou o ministro. Mas Ebrard diz que não concordou com isso. “(O acordo) seria aplicado se falharmos e se aceitarmos o que eles nos dizem”, declarou Marcelo Ebrard, citado pelo Washington Post.

O pacto migratório EUA-México: o que diz e em que consiste

O acordo assinado pelos dois países na sexta-feira decreta que o México terá de controlar o fluxo de migrantes que tentam entrar no território norte-americano. O Governo mexicano terá também de reforçar a fronteira sul do país com 6.000 agentes da Guarda Nacional. Em troca, Trump suspende as sanções e taxas de 5% sobre produtos mexicanos que tinha ameaçado aplicar na segunda-feira.

A assinatura do acordo foi anunciada na sexta-feira pelo presidente norte-americano no Twitter. “Informo que os Estados Unidos da América chegaram a acordo com o México. As tarifas previstas para serem aplicadas pelos EUA ao México na segunda-feira ficam assim indefinidamente suspensas. Em troca, o México concordou tomar fortes medidas para inverter o fluxo de migrantes”, escreveu Trump.

“Isto está a ser feito para reduzir consideravelmente ou eliminar a imigração ilegal que chega do México para os Estados Unidos. Detalhes do acordo serão revelados pelo Departamento do Estado”, explicou ainda o líder da Casa Branca.

O acordo foi depois confirmado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano. “O México tomará medidas decisivas para desmantelar as organizações de contrabando e tráfico, bem como as suas redes ilícitas de transporte e financiamento”, garantiu Marcelo Ebrard no seguimento da assinatura do pacto.

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