Depois de a China ter desvalorizado a moeda para o valor mais baixo dos últimos 11 anos, os Estados Unidos acusaram o país asiático de estar a manipular a moeda para conseguir vantagens comerciais, noticia a Reuters. Esta terça-feira, as autoridades chinesas contiveram a queda da moeda — depois de cair 2,7% em três dias, recuperou 0,5% em relação ao dólar —, noticiou a Reuters. As bolsas europeias conseguiram abrir com uma ligeira subida.
Apesar da acusação por parte dos Estados Unidos, o banco central chinês negou que houvesse manipulação da moeda. No entanto, o acontecimento está a ser visto como uma forma de retaliação ao aumento das tarifas sobre os produtos chineses imposta por Donald Trump. “Algumas situações novas que surgiram recentemente a nível económico internacional e as tensões comerciais, fizeram alterar as expectativas do mercado“, disse o Banco Popular da China, em comunicado. “Afetadas por isso, muitas moedas desvalorizaram face ao dólar norte-americano e a taxa de câmbio do yuan também foi afetada em certa medida”.
O jornal oficial do Partido Comunista chinês, por sua vez, escreveu esta terça-feira que os Estados Unidos estão “deliberadamente a destruir a ordem internacional”, refere a Reuters.
Com uma queda da moeda chinesa (yuan) para níveis equivalentes aos de 2008, durante a crise financeira, a China podia ganhar vantagem competitiva de forma imediata, sem necessidade de reduzir os custos de produção, escreveu o jornal El País. Ou seja, com a queda da moeda, os produtos chineses exportados ficam mais baratos do que os produtos norte-americanos. Adicionalmente, para quem usa o yuan, agora desvalorizado, fica mais caro comprar produtos americanos.
Steve Mnuchin, secretário do Tesouro norte-americano, explicou, em comunicado, que vai solicitar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que “proceda à eliminação da vantagem competitiva injusta criada pelas últimas ações da China”. Os Estados Unidos já tinham, em 1994, acusada a China de manipulação de moeda.
“É ridículo que tenham declarado a China como um manipulador da moeda. Não têm ferramentas úteis para fazer nada em relação a isso, a não ser que queiram acumular mais tarifas“, disse, citado pela Reuters, Mark Sobel, que chegou a trabalhar no Tesouro norte-americano, mas agora trabalha no think thank Official Monetary and Financial Institutions Forum.
Zhang Anyuan, economista-chefe no banco de investimento China Securities, disse, citado pela Reuters, que “é escusado para os Estados Unidos determinarem que houve manipulação da moeda baseado nas taxas de conversão do yuan de um único dia”. Mas o economista não descarta que “catalogar” a situação desta forma abra a porta a novas sanções.
EUA pede à China para evitar contínua desvalorização da sua moeda
Antes ainda desta acusação dos Estados Unidos, as principais bolsas europeias e norte-americanas abriram em queda, na manhã de segunda-feira, tendência que se manteve no fecho. Wall Street, a bolsa nova-iorquina, bússola dos mercados mundiais, teve a sua pior sessão do ano, ao cair ainda mais do que as praças asiáticas e europeias, com os investidores a cederem ao agravamento das tensões comerciais sino-norte-americanas.
Os resultados definitivos da sessão indicam que o seletivo Dow Jones Industrial Average perdeu 2,90%, o tecnológico Nasdaq caiu 3,47% e o alargado S&P500 desvalorizou 2,98%. Já esta terça-feira a bolsa de Xangai, principal praça financeira da China, abriu a descer 1,58% para 2.776,99 pontos. Shenzhen, a segunda praça financeira do país, recuou 2%, nas primeiras transações do dia, para 8.805,15 pontos.
Atualizado às 10 horas com a subida do yuan e a abertura das bolsas.