O primeiro-ministro afirmou no domingo, perante uma plateia de socialistas bascos, ser sua intenção “prosseguir e aprofundar” a solução política à esquerda em Portugal, dizendo que “o fim da incomunicabilidade” entre estas forças enriqueceu a democracia portuguesa.

António Costa deixou esta nota sobre a situação política em Portugal numa parte em que falou de improviso no discurso que proferiu em Bilbau, Espanha, após ter recebido um Prémio da Fundação Ramón Rubial pela “Defesa dos valores socialistas”.

Nesta parte da sua intervenção, feita em castelhano, o primeiro-ministro falou da ausência de diálogo político para soluções de Governo entre os partidos da esquerda até 2015, em contraponto com uma direita historicamente “sempre muito pragmática”.

“A direita foi sempre capaz de unir-se para chegar e para se manter no poder. Em Portugal, até 2015, a direita dava por adquirido que as divisões nascidas do período da revolução de 1974 entre a esquerda seriam eternas. Nesse sentido, o fim da incomunicabilidade entre as forças de esquerda em Portugal eliminou o último vestígio que havia do Muro de Berlim. Foi uma conquista muito importante para a democracia portuguesa”, afirmou António Costa.

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Depois, o primeiro-ministro falou sobre o futuro do Governo português, dizendo pretender continuar a aprofundar a solução política com o Bloco de Esquerda, PCP, PEV, Livre e PAN na presente legislatura.

“Esta solução permitiu resultados que queremos prosseguir e aprofundar, porque há ainda muito para fazer. A grande riqueza da democracia é haver sempre uma alternativa. E sempre dissemos que não era verdade quando nos diziam que não havia alternativa”, afirmou, numa crítica às lógicas políticas conservadoras na Europa.

“Há sempre alternativa. Por vezes, não estamos a ver essa alternativa, mas ela existe e a nossa missão é encontrá-la, construí-la e pô-la no terreno”, acrescentou.

Após este discurso, perante os jornalistas, António Costa defendeu que na solução política à esquerda em Portugal “apenas mudaram duas coisas: Houve um claro reforço eleitoral do PS e não há agora acordos escritos”.

“Creio que todos temos o desejo de respeitar a vontade inequívoca do eleitorado, que é a ideia de que a geringonça tenha continuidade, mas agora com um PS mais forte. É aliás nessa base que temos estado a encarar o debate do Orçamento do Estado para 2020”, declarou.