A Amazon apresentou uma queixa formal em tribunal onde acusa o Presidente dos EUA, Donald Trump, de ter exercido “pressão indevida” e de ter estado por trás de uma série de “insistentes ataques públicos e de bastidores” contra aquela empresa, de maneira a que esta não vencesse um lucrativo contrato público com o Pentágono.
Na queixa apresentada pela Amazon, e cujo conteúdo foi tornado público esta segunda-feira pelo Wall Street Journal, pode ler-se a acusação de que os alegados ataques lançados pelo Presidente dos EUA àquela empresa visavam “prejudicar” o seu CEO, Jeff Bezos.
Jeff Bezos é o proprietário do jornal Washington Post, que tem mantido uma relação crítica com o Presidente dos EUA.
Este é o mais recente desenvolvimento de uma guerra que já decorria há alguns meses entre a Amazon e a Casa Branca. Em causa, está um concurso público para um contrato no valor de 10 mil milhões de dólares (9 mil milhões de euros, aproximadamente) em troca do desenvolvimento de um sistema apelidado de JEDI (sigla para Joint Enterprise Defense Infrastructure), destinado a à área de cloud computing. Este passo é dado como essencial no processo de modernização dos sistemas informáticos utilizados pelo Departamento de Defesa dos EUA. De acordo como The New York Times, até aqui a maior parte dos sistemas utilizados foram desenhados nas décadas de 1980 e 1990.
O contrato de 10 mil milhões de dólares acabou por ser atribuído à Microsoft, que se adiantou assim não só à Amazon como também à IBM e à Oracle. As propostas destas duas últimas empresas foram rejeitadas numa frase preliminar do concurso público, levando a que a escolha fosse obrigatoriamente entre a Microsoft e a Amazon. A empresa fundada por Bill Gates ganhou o contrato, conforme decisão anunciada a 25 de outubro.
A 4 de dezembro, numa conferência de imprensa, o diretor executivo do departamento de Web Services da Amazon, Andy Jassy, disse: “É óbvio que estamos convictos de que o contrato não foi adjudicado de forma justa”. De acordo com aquele diretor executivo da Amazon, uma comparação”objetiva e detalhada” da plataforma oferecida pela sua empresa com a da Microsoft “não leva à decisão que foi tomada”.
“Chegámos a uma situação onde houve uma intromissão política significativa”, disse Andy Jassy. “Quando se tem um Presidente em funções que está disposto a admitir em público o seu desdém em relação a uma empresa e ao líder dessa empresa, fica muito difícil que qualquer agência governativa, incluindo o Departamento de Defesa, tomem uma decisão objetiva sem medo de represálias.”
O secretário de Defesa dos EUA, Mark T. Esper, pediu escusa do processo de seleção entre a proposta da Amazon e da Microsoft, referindo que o seu filho trabalha para a IBM, empresa que também apresentou uma proposta ao Departamento de Defesa.
Da parte do Pentágono, a posição oficial é a de que o concurso decorreu de forma normal e sã. “O processo de aquisição foi conduzido de acordo com as legislação e os regulamentos aplicáveis”, lê-se num comunicado do mês de outubro do Departamento de Defesa. “Todos os concorrentes foram tratados de forma justa e foram avaliados de forma consistente com os critérios adequados.”