Boris Johnson pediu aos cidadãos britânicos que doassem 500 mil libras (584 mil euros) para fazer soar o famoso sino do Big Ben, na noite do Brexit. O apelo ao crowdfunding surgiu depois de a Câmara dos Comuns ter recusado a ideia de serem os cofres do Estado a cobrir os custos.

O plano foi anunciado por Johnson, na terça-feira, numa entrevista à BBC com a frase “bung a bob for a Big Ben bong”, um trocadilho impossível de traduzir para português, mas que chama os britânicos a contribuir. Ou dito de outra maneira, também pelo primeiro-ministro do Reino Unido: “É caro, por isso vamos ver se o público pode financiar”.

Algumas figuras da política conservadora britânica já apoiaram o evento —  como foi o caso do eurocético Mark Francois, que prometeu mil libras (1.169 euros), o lorde Michael Ashcroft e o radialista Nick Ferrarie, segundo o Telegraph — e pediram uma pausa nos trabalhos de restauração do relógio da torre, em Westminster para que o sino possa tocar às 23h de 31 de janeiro, hora marcada para a saída do Reino Unido da União Europeia. Mark Francois foi um dos 60 parlamentares a escrever uma carta ao governo, pedindo que o Big Ben tocasse nesse momento histórico para o país, pondo mesmo a hipótese de se recorrer a uma gravação, se tal não fosse possível.

Vários cidadãos mostraram-se disponíveis para financiar a causa, mas a Câmara dos Comuns, responsável pela agenda do parlamento, diz que o evento é “improvável”. A quantia necessária é demasiado elevada e seria necessário restaurar o mecanismo do sino, testá-lo e construir um pavimento temporário para que os trabalhos pudessem decorrer.  Lindsay Hoyle, porta-voz da Câmara dos Comuns, declarou que o fundo público proposto por Johnson não existe e que a dimensão do evento não justifica tal mobilização de capitais, visto que soar do sino seria ouvido apenas pelas pessoas que se encontrassem em Westminster.

O porta-voz do primeiro-ministro confirma que “não existe um fundo governamental específico”, mas sustentou que seria ótimo se os cidadãos conseguissem angariar o dinheiro para que o evento seja “devidamente celebrado”.

O sino está em silêncio desde 2017 por causa das obras que só terminarão em 2021. Situado na Elizabeth Tower, no extremo do palácio de Westminster, só tocou nos últimos três anos em ocasiões muito especiais: no Dia da Memória das vítimas das I e II Guerras Mundiais e na noite de Ano Novo. Só que o chão do piso onde está o sino teve de ser retirado e só voltar a colocá-lo implicaria gastar 100 mil libras. Outras reparações e o atraso que isso inplicaria no plano de restauro implicaria um total de meio milhão de libras. Só para ouvir o badalar do sino, interrogou-se Lindsay Hoyle, citada pelo Guardian: “Seriam quase 50 mil libras por badalo”.

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