Foi num discurso duro e com um conjunto de mensagens alarmantes que o CEO do Grupo Volkswagen se dirigiu aos seus colegas seniores da administração, após a reunião global do conglomerado que dirige. Referindo-se ao futuro de um grupo que nos últimos anos liderou o mercado mundial em vendas, Herbert Diess avisou, segundo a Reuters, que o tempo das marcas tradicionais terminou e que a empresa que dirige tem de acelerar a sua remodelação para evitar transformar-se na nova Nokia, companhia que liderava o mercado dos telemóveis e que praticamente desapareceu do mercado por não ter conseguido modernizar-se e continuar a inovar.

Para Diess, os objectivos a curto prazo passam por cortar nos custos e incrementar as receitas, investindo nas novas áreas de negócio, como os carros autónomos e conectados. Para tal, a VW tem de resolver o problema de software e de electrónica que a afecta, uma vez que a produção do ID.3, o seu primeiro eléctrico da nova vaga, tem enfermado de algumas deficiências a este nível.

Para o CEO, a receita para atingir os fins passa reduzir a complexidade, incrementar a produtividade, especialmente na Alemanha, concluindo que, acima de tudo, o grupo tem de se concentrar mais no lucro e menos nos volumes de vendas. E deu um exemplo: a Bentley vendeu 10.000 veículos, mas com uma margem de lucro igual a zero e seria preferível comercializar apenas 5.000 com uma margem de lucro de 20%.

Anunciando que pretende que o Grupo Volkswagen salte dos actuais 91 mil milhões de capitalização bolsista para a fasquia dos 200 mil milhões, Diess defende que, para o conseguir, algo tem de ser feito rapidamente, pois “à velocidade actual vai ser muito difícil lá chegar”.

O CEO revelou ainda que uma parte da redução de custos será alcançada à custa da redução dos investimentos em soluções como as células de combustível a hidrogénio. Segundo Diess, “os eléctricos a fuel cell não se vão revelar tão competitivos quanto os eléctricos a bateria durante a próxima década”, pelo que vão ser alvo de um desinvestimento. Tratamento similar vai ter o MOIA, o departamento do grupo que se dedica aos serviços de mobilidade urbana, o que inclui o car-sharing.

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