No dia um do Brexit, o primeiro-ministro recebe em Beja representantes de 17 Estados Membros da União Europeia, na Cimeira dos Amigos da Coesão, e aproveitou o momento para dizer que “os tempos na Europa não estão para conflitos institucionais“, pelo que “é fundamental acordo rápido” sobre o orçamento da UE para 2021-2027.
A instabilidade provocada pela saída do Reino Unido da União Europeia deu, assim, o mote a António Costa para, ao lado do primeiro-ministro croata Andrej Plenković (que tem a presidência rotativa da União Europeia neste momento) afirmar: “Neste dia em que vemos o Reino Unido deixar a União é importante deixar mensagem clara que a União se mantém coesa e seguirá em frente”. E a política de coesão é, para Costa, a que “aproxima as pessoas da União” porque leva a UE a cada cidade, vila, aldeia, a cada cidadão”.
Para o primeiro-ministro português é preciso este acordo “o mais rapidamente possível” já que seria “um mau sinal para a economia europeia que houvesse dúvidas sobre a continuidade do fluxo de financiamento de investimentos muito importantes, sobretudo quando se quer levar a sério desafios como as alterações climáticas ou a transição digital”. O acordo, avisou ainda, “exige espírito de compromisso” entre a proposta da Comissão Europeia e a posição do Parlamento Europeu que “terá de aprovar a proposta no fim”, disse.
“Os tempos na Europa não estão para conflitos institucionais, estão para a coesão”, disse repetindo uma ideia que tinha deixado logo de manhã na sua conta oficial do Twitter a marcar o arranque do encontro em Beja, na Pousada de São Francisco:
No dia do #Brexit, contra a divisão, afirmamos a coesão.
Em #Beja, 2 Comissários e 17 Estados-membros da #UE, do Báltico ao Mediterrâneo, do Atlântico ao Adriático, juntos para uma União Europeia mais coesa, mais próspera e mais solidária para todos.#friendsofcohesion— António Costa (@antoniocostapm) February 1, 2020
Ao seu lado direito, o corata Andrej Plenković esteve mais contido — como líder da presidência da UE — na assunção de uma posição clara na pressão sobre o impasse nas negociações do Orçamento da União Europeia para 2021-2027. Sublinhou as “relações amigáveis” com Portugal e a necessidade de “fomentar as trocas comerciais” com o país. E ainda falou na importância dos fundos para a política de coesão ou as políticas agrícolas, adiantando que para a aplicação desta políticas, “os cidadãos europeus ainda querem subir” o orçamento e “atingir o nível de outras reuniões”.
O primeiro-ministro da Croácia reforçou ainda a necessidade de um acordo sobre o orçamento fechado nos seis meses da Presidência rotativa croata, ou seja, até julho deste ano.
A Cimeira dos Amigos da Coesão junta em Beja, este sábado, 17 representantes dos países da coesão (um presidente, 11 primeiros-ministros, 4 responsáveis pelas pastas dos Negócios Estrangeiros e um embaixador) e dois comissários europeus.
António Costa, o primeiro-ministro anfitrião da Cimeira, abriu os trabalhos com um encontro com o primeiro-ministro da Croácia que é o país que exerce neste momento a Croácia exerce atualmente a Presidência rotativa do Conselho da União Europeia, que passará, em Julho, para a Alemanha e em janeiro de 2021 para Portugal (que já a ocupou em 2007).
Nesta cimeira está o presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, e os primeiros-ministros da Croácia, República Checa, Estónia, Grécia, Hungria, Malta, Polónia, Roménia, Eslováquia e Espanha. E ainda quatro responsáveis pelas pastas dos Negócios Estrangeiros de Itália, Letónia, Lituânia e Eslovénia. E ainda o embaixador da Bulgária. Está também a comissária europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, e o comissário europeu responsável pelo orçamento, Johannes Hahn.