A expressão é batida, mas o coronavírus obrigou a voltar a ela: as bolsas mundiais viveram esta sexta-feira mais um dia negro. O índice norte-americano Dow Jones registou a maior perda de sempre em pontos num só dia (um total de 1,190.95) fechando nos 25.766,64 pontos.

As perdas do Dow (que vai na sexta sessão no vermelho) colocam o índice em terreno de correção, ou seja mais de 10% abaixo do valor máximo de fecho. E bastaram apenas dez sessões para que isto acontecesse. No final do dia, um tombo de 4,4%, a maior queda em termos percentuais nos últimos dois anos. O índice Nasdaq despencou 4,6%, a pior perda num só dia desde 2011. O S&P 500 também perdeu 4,4%.

De acordo com cálculos da agência Reuters, as perdas em capitalização bolsista à escala global esta semana ascendem já a mais de 3 biliões (ou seja, milhões de milhões) de dólares.

Scott Minerd, da Guggenheim Partners, declarou à Bloomberg TV que o surto de coronavírus é “possivelmente a pior coisa que já vi na minha carreira”, um período inclui o “crash” de 1987 e o colapso da Lehman Brothers.

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“Isto tem potencial para se tornar em algo extremamente sério”, alertou Minerd. “É muito difícil imaginar um cenário em que se consiga, de facto, conter isto, e é isso o que mais me assusta”.

Apesar de a intensidade ser maior, nada disto destoa muito do que se passou nas restantes bolsas um pouco por todo o mundo. O coronavírus fez cair os mercados de forma generalizada e agravou a queda dos preços do petróleo.

Tal como tinha acontecido nas sessões anteriores, os investidores procuraram refúgio em ativos considerados seguros, como o ouro, o dólar norte-americano, ou a dívida dos Estados Unidos e da Alemanha.

Em Lisboa, o PSI-20 fechou a perder 2,93%, com praticamente todos os títulos no vermelho. No resto da Europa, o Ibex 35 espanhol caiu 3,55 %, a segunda maior queda desde o início do ano. Nesta semana, a bolsa espanhola já perdeu 9%. Caso a tendência não mudar na sexta-feira, o índice espanhol terá a sua pior semana desde agosto de 2011, em plena crise da dívida soberana na Europa.

Londres caiu 3,5 %, Frankfurt 3,19 %, Paris 3,32 % e Milão 2,66 %. Um pouco por toda a Europa, foram as empresas ligadas ao turismo e às companhias aéreas que registaram as maiores perdas.

Em Madrid, o grupo IAG, proprietário da Iberia, Vueling e British Airways caiu 8,85 %, em Paris a francesa Air France-KLM perdeu 7,17 %, a alemã Lufthansa deslizou 6,05 %, a britânica Easyjet desceu 4,19 % e a irlandesa Ryanair 1,75 %).