O ministro da Saúde espanhol, Salvador Illa, afirmou esta quinta-feira que Espanha pode estar a aproximar-se do “pico da curva” de contágios do novo coronavírus, após a qual se inicia uma fase de estabilização da pandemia. Segundo o ministro, que falava na comissão de Saúde do parlamento espanhol, os últimos dias apontam para uma mudança de tendência, com um aumento menor do números de casos relativamente ao período anterior.

O ministro precisou que o aumento médio de casos notificados entre 28 de fevereiro e 16 de março foi de cerca de 40%, enquanto no período entre 17 e 24 de março o aumento médio foi de cerca de 20%. “A confirmar-se esta tendência geral, isso indicaria que o número de casos notificados pode estar a aproximar-se do máximo, a que coloquialmente chamamos o pico da curva”, disse.

O ministro advertiu contudo que esta evolução variou de comunidade para comunidade e que a notificação de casos ocorre normalmente sete dias ou mais depois do início dos sintomas, o que implica que os dados desta quinta-feira podem refletir a situação real uma semana antes.

Referindo-se à elevada ocupação de unidades de cuidados intensivos em algumas comunidades autónomas, como a de Madrid, que regista o maior número de casos no país, estimou que o “nível máximo” de capacidade daquele tipo de unidades deve ser atingido nos primeiros dias de abril, dias depois de a curva começar a descer. Essa saturação, frisou, vai ocorrer de forma escalonada nas diferentes comunidades, que registam ritmos diferentes de evolução da pandemia.

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Numa altura em que se regista em Espanha falta de material de proteção para os profissionais de saúde, Salvador Illa anunciou que o Ministério da Saúde enviou, entre 10 e 20 de março, sete milhões de máscaras para o conjunto das regiões espanholas, tanto compradas pelo Governo como doadas. O maior número, dois milhões, foram para Madrid, a que mais casos de covid-19 regista. Além destas, 585 milhões de máscaras foram importadas da China, que vão ser distribuídas nas próximas semanas.

O ministro disse que foram ainda adquiridos 11 milhões de luvas, 5,5 milhões de testes rápidos e 1.114 equipamentos de respiração assistida, para reforçar a capacidade das unidades de cuidados intensivos de todo o país. Estes materiais e equipamentos juntam-se aos que Espanha adquiriu através de processos de compra conjunta da União Europeia (UE): 35 milhões de máscaras, 4 mil ventiladores e meio milhão de kits de análise.

O novo coronavírus já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, mais de 20 mil das quais morreram. A Europa é atualmente o continente mais atingido, com mais de 250 mil casos e 14.460 mortes, segundo números oficiais dos vários países.

Espanha tornou-se o país europeu onde o vírus se propaga mais rapidamente, com as autoridades espanholas a anunciarem esta quinta-feira 8.578 novas infeções e 655 novas mortes, num balanço global de 56.188 infetados e mais de 4 mil mortos. O país europeu com mais casos e mais mortes continua a ser a Itália, com 7.503 mortos em 74.386 casos registados até quarta-feira, seguido de Espanha. Em terceiro lugar surge França, com 1.331 mortes em 25.233 casos.

Portugal regista 3.544 casos e 60 mortes, segundo o mais recente balanço das autoridades, anunciado esta quinta-feira.