O Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta sexta-feira, dia 27, trouxe o maior aumento bruto de casos (subida de 20%, pouco menos do que 2% do que na véspera) que ultrapassou a barreira dos 4.000 (4.268, mais 724 do que na véspera). Em paralelo, e no dado mais negro que foi dado a conhecer, morreram mais 16 pessoas (número que entretanto já aumentou para 17, com a morte de um professor de matemática de uma escola em Portimão). Uma a cada 90 minutos nas últimas 24 horas. A Covid-19 já fez um total de 76 vítimas, mais 62 do que se registava no domingo. Já o número de casos recuperados, que tinha duplicado na véspera, manteve-se nos 43. Ainda assim, há outros dados a registar e que se enquadram com a nova fase de combate à pandemia que tinha sido divulgada pelas autoridades nacionais a partir de ontem.
O número de casos a aguardar resultado subiu 100%, passando de 1.995 para 3.995, num aumento que se fez também sentir nos casos que se encontram em vigilância, 32% (19.916, mais 4.822 do que na véspera). Ao mesmo tempo, nota também para um novo aumento no número de casos internados, que passou a ser de 354 (subida de 85% em relação à véspera), e para os casos acima dos 60 anos, que voltaram a aumentar em comparação com o quadro de ontem. A nível de regiões, o Porto passou a ser o concelho com mais casos, sendo que a maior subida entre os dois últimos boletins foi em Vila Nova de Gaia, com mais 99 casos (número que pode estar ligado com algo que os autarcas têm apontado esta semana e que tem a ver com o delay na circulação de dados).
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A análise do Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta sexta-feira, dia 27, pode ser feita através de dez pontos distintos, a saber:
Número total de casos, mortes e recuperados
A maior subida em números brutos de casos no país. Portugal tem agora um total de 4.268 casos positivos de Covid-19, num aumento de 20% em relação a ontem, mais 724 (a maior subida bruta desde que começou a epidemia). O número de mortes voltou também a subir, passando das 60 para as 76 (33 no Norte, 24 em Lisboa e Vale do Tejo, 18 no Centro e uma no Algarve). Em relação ao número de casos recuperados, que tinha subido de 22 para 43 na véspera (aumento de 100%), mantém-se com o mesmo valor neste novo boletim.
Caracterização dos óbitos
Morreu a primeira pessoa abaixo dos 50 anos em Portugal. Uma das novidades no Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal a partir desta terça-feira foi a caracterização dos óbitos que ocorreram no país. No relatório de quinta-feira, ficou acentuada a mortalidade entre as pessoas com mais idade: 16 das 17 mortes registaram-se entre pessoas com mais de 70 anos. Essa tendência manteve-se, com 13 das 16 mortes a concentrarem-se nessa faixa, mas há um dado novo: morreu a primeira pessoa abaixo dos 50 anos.
Caracterização do número de casos por região
Alentejo começou semana com cinco casos, agora vai nos 30. Os números a nível de regiões conheceram contornos diferentes nos primeiros dias da semana, com o Norte a ter o maior número de casos mas Lisboa e Vale do Tejo a registar mais casos em termos brutos e o Centro a conhecer um maior aumento em termos percentuais. Se esta quarta-feira, a região Norte teve um aumento brutal, esta quinta-feira a nota dominante foi para o aumento dos casos no Alentejo (20, mais oito, numa percentagem de 67% a mais), no Algarve (89, mais 27 numa subida de 44%) e nos Açores (24, mais sete num aumento de 29%). No caso do Alentejo, essa tendência acentuou-se, com mais dez casos num total de 30 (mais 50%), e a Madeira, que na véspera tinha menos um caso, subiu de 15 para 21. A Região Norte continua a concentrar mais casos com um total de 2.443, mais 585 do que ontem (subida de 31%), e já tem mais do dobro do que Lisboa e Vale do Tejo (1.110, mais 28, apenas 3% a mais).
Número de países e casos importados
Mantêm-se os 330 casos de 26 países. Na terça-feira, não houve alteração a nível de casos importados; esta quarta-feira, o número de casos aumentou de novo com predominância para França (30, mais quatro), Andorra (cinco, mais três) e Suíça (13, mais dois); esta quinta-feira, tinha-se registado um autêntico boom nestas contas, com mais 161 casos importados de 12 novos países (Argentina, Cuba, EUA, Israel, Jamaica, Luxembrugo, Maldivas, Polónia, Qatar, Rep. Checa, Tailândia e Venezuela). Esta sexta-feira, de forma surpreendente tendo em conta o que se passara na véspera, não houve qualquer evolução: mantêm-se os 330 casos de 26 países diferentes.
Número de casos por grupo etário
Há quase mais 300 casos acima dos 60 anos. Olhando para os casos positivos distribuídos por grupo etário, um dos principais pontos nos primeiros três dias da semana foi o aumento dos casos acima dos 80 anos (a faixa tendencialmente mais vulnerável à Covid-19): mais 48 na segunda-feira, mais 25 na terça-feira, mais 92 na quarta-feira. O número baixou na quinta-feira, com “apenas” 54 novos casos nessa faixa. Esse número voltou a aumentar esta sexta-feira, para 69, mas a maior subida acabou por ser nos casos globais acima dos 60 anos: quase mais 300 em relação a ontem (296). O intervalo dos 40 aos 49 anos continua a ser o que regista mais casos (821, mais 150), seguido da faixa dos 50 aos 59 anos (775, mais 138) e do grupo 30-39 anos (671, mais 93).
Número de casos internados e nos cuidados intensivos
Mais 85% de casos internados (e mais 16% nas Unidades de Cuidados Intensivos). O número de casos internados e nos cuidados intensivos estava a ter um ligeiro aumento, confirmando a lógica de haver cada vez menos casos em internamento, o boletim de quarta-feira mudou de forma circunstancial essa realidade com um enorme aumento nos dois campos mas esta quinta-feira “normalizou” essa tendência, com 191 casos internados e 61 na Unidade de Cuidados Intensivos. Agora, esses números voltam a disparar: há mais 163 casos internados, num total de 354 (subida de 85%), e mais dez em UCI, num total de 71 (subida de 16%).
Número de casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e a aguardar resultados
Mais testes, o dobro a aguardar resultados (quase 4.00). Nas percentagens da curva de evolução nos casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e que aguardam resultado, que na semana passada tiveram aumentos que variavam entre os 170% e os 310%, esta semana começou com dois dias consecutivos abaixo dos 30%, houve um ligeira aumento na quarta-feira mas esta quinta-feira tinha confirmado de vez a inversão dos números, com subidas entre 1% e 25%. Agora, acompanhando também a entrada numa nova fase do combate à Covid-19, os casos a aguardar resultados aumentaram 100% (2.000, num total de 3.995) e os casos sob vigilância subiram para 4.822 para 19-816 (aumento de 32%). De resto, o número de casos suspeitos subiu para 25.431 (mais 3.174, subida de 14%) e os casos não confirmados passam para 17.168 (mais 450, aumento de 3%).
Caracterização dos casos por género
Número de mulheres infetadas continua a aumentar. O início da semana confirmou a tendência que vinha da semana passada: se no início do surto havia mais homens do que mulheres infetados, a última semana inverteu essa tendência com o número de casos do sexo feminino positivos a subirem. Agora, esses números continuam a aumentar: se nos últimos três dias houve mais 136 mulheres infetadas do que homens, esta quinta-feira essa diferença foi de 77 casos e agora de 58 casos. No total, há mais 312 mulheres do que homens infetadas.
Número de casos por concelho
Porto passa a ser o concelho com mais casos, Vila Nova de Gaia sobe a pique. A caracterização demográfica dos casos confirmados, outro dos pontos que passou a constar do boletim da DGS desde terça-feira, teve trocas nos dez concelhos com mais casos ativos em Portugal: se na quarta-feira as principais subidas tinham sido registadas na Maia, em Vila Nova de Gaia e no Porto, ontem trouxe acrescentos em Braga, Ovar e Coimbra – apesar de haver indicações dos presidentes de Câmara sobre a existência de um delay na partilha de informação que acaba por “influenciar” esses números. Agora, a grande mudança está relacionada com o Porto, que conta com mais 58 casos e passa a ser o concelho com maior número de positivos, à frente de Lisboa (284, os mesmos da véspera). De notar a grande subida em Vila Nova de Gaia, que neste boletim da DGS passa de 163 para 262 casos.
Caracterização dos casos confirmados por sintomas
Tosse e febre voltam a ser os principais sintomas. Entre a caracterização dos casos que o boletim da DGS apresenta, todos os sintomas tinham apresentado descidas ao longo da semana mas houve esta quinta-feira uma inversão em dois pontos: os casos com cefaleias, que tinham baixado de 34% para 28%, subiram para 63%; já as queixas por fraqueza muscular, que caíram de 28% para 27% e de 27% para 23%, estão agora nos 37%. Nos restantes sintomas, e em relação à véspera, a tosse baixa de 62% para 53%, a febre baixa de 51% para 48%, as dores musculares passam de 36% para 31% e as dificuldades respiratórias mantêm os 19%. Agora, os números voltaram a ser invertidos: a tosse volta a ser o sintoma mais frequente (60%), seguida de febre (51%).