Na noite de domingo, a ministra da Saúde anunciou em entrevista à RTP1 que a Direção-geral da Saúde (DGS) tinha pedido um parecer ao coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Luta contra as Resistências Microbianas no sentido de equacionar “o uso mais amplo de máscaras”. Gerou-se a ideia de que a recomendação para uso de máscaras iria ser alargado a toda a população, mas no briefing desta segunda-feira Graça Freitas frisou que Portugal “continua alinhado à data” com as recomendações internacionais.

“Continuamos alinhados, à data – sublinho, à data – com as recomendações da Organização Nacional de Saúde” e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) que não vão no sentido de estender a utilização —reservando a utilização de máscaras a pessoas infetadas e profissionais de saúde—, pelo menos para já. Ainda durante esta semana são esperados resultados e novas orientações nesta temática, na sequência de uma reavaliação das recomendações sobre o uso generalizado das máscaras, realizada por um comité de especialistas da OMS.

Sobre o acesso de todos os portugueses às máscaras, a preços acessíveis, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas não prestou qualquer esclarecimento durante a conferência de imprensa.

144 ventiladores distribuídos, 500 na próxima semana e mais 500 depois da Páscoa

São informações importantes quando se olha para os dados de doentes internados: já há 270 internados em unidades de cuidados intensivos, estando o horizonte do final de maio — apontado como pico da pandemia em território nacional — ainda bem distante. No domingo chegaram 144 ventiladores e, segundo o secretário de Estado da Saúde, António Sales serão distribuídos ainda hoje por todo o país.

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“Uma distribuição o mais possível equitativa possível por todo o país”, esclareceu António Sales que frisou o aumento da “capacidade ventilatória do país”. Não foram divulgados os planos para a distribuição dos mil ventiladores que chegarão nas próximas duas semanas, nem quanto tempo demorarão a estar instalados e prontos a funcionar para suprir qualquer necessidade existente.

110 mil testes de diagnóstico realizados desde 1 de março que “têm chegado onde é preciso”, garantiu Graça Freitas

Mais números durante o briefing: 110 mil testes realizados desde 1 de março, depois do anúncio do final da semana passada com a triplicação da capacidade de testagem no país. António Sales clarificou ainda os números sobre a capacidade de testagem do país, sublinhando que Portugal testa mais do que a Suécia ou Dinamarca e quase tanto como a Itália.

“Portugal tem uma testagem de cerca de 10.500 amostras processadas por milhão de habitantes, o que está em linha ou até acima de países como Suécia, Dinamarca e não muito longe de Itália”, afirma esclarecendo que dos 11 mil testes de capacidade instalada por dia sete mil dizem respeito ao público e quatro mil ao privado. A contribuir para a capacidade de testagem no país estão ainda “testes realizados em universidades”.

“Os testes têm estado a chegar onde eles são necessários. Como sabem, a principal preocupação é pessoas que tenham sintomas mesmo que tenha sintomatologia mínima. Se há assimetrias regionais, tem a ver com o mapa da distribuição da doença, que tem zonas mais afetadas e menos afetadas”, garante Graça Freitas.

Graça Freitas esclareceu ainda que “em contextos especiais como os lares”, os testes são alargados aos funcionários, quer tenham sintomas ou não. “Por vezes, testamos pessoas que tiveram contacto próximo com infetados, mesmo sem sintomas”, notou a diretora-geral da Saúde.

Realçou ainda que as pessoas podem estar clinicamente “recuperadas”, deixar de ter sintomas ao fim de duas ou três semanas, mas continuarem a ser portadoras do vírus e transmiti-lo. Podem, por isso, ser feitos testes a essas pessoas para ganhar mais conhecimento sobre este “vírus novo”.

Um alerta dos nutricionistas: não há “soluções milagrosas”

São várias as publicações nas redes sociais e contrainformação a circular sobre curas e alimentos que podem ajudar a prevenir sobre a infeção pelo novo coronavírus. No briefing desta segunda-feira, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento foi clara: “soluções milagrosas não existem.”

Não existem nem superalimentos, nem suplementos capazes de prevenir ou até mesmo combater a Covid-19 através do fortalecimento do sistema imunitário”, afirmou apelando a que se mantenha uma alimentação saudável privilegiando alimentos frescos e não processados.

A solução será, claro, aliar uma alimentação equilibrada ao apelo inúmeras vezes repetido: ficar em casa: “O sistema imunitário agradece que fiquem em casa e comam saudavelmente”, disse anunciando ainda a criação de uma “bolsa de nutricionistas” para auxiliar os lares e instituições de idosos.