O movimento tech4COVID19, que junta várias organizações portuguesas para, através da tecnologia e empreendedorismo, ajudar a combater os impactos da Covid-19 na sociedade, apresentou um conjunto de propostas ao Governo para mitigar os efeitos do novo coronavírus nas startups. Em comunicado, os responsáveis do tech4COVID19 revelam “que o Governo português mostrou-se disponível para avaliar as propostas” e que já terá um plano em marcha para apoiar as empresas.

Felipe Ávila da Costa, porta-voz do movimento tech4COVID19 e presidente executivo da Infraspeak, explica a necessidade deste apoio: “A abertura do Governo para ouvir o ecossistema é muito importante, pois só trabalhando em conjunto encontraremos as melhores soluções para proteger o ecossistema”.

E continua: “Muito do que foi construído ao longo dos últimos 10 anos (startups, incubadoras, aceleradoras, fundos de investimento, empregos, etc.), está atualmente em risco, pelo que, à semelhança do que temos visto em outros países europeus, como França e Alemanha, onde os governos locais estão a injetar milhares de milhões de euros nos respetivos ecossistemas de inovação, é fundamental que o governo português possa atuar rapidamente para ajudar as startups, incubadoras e investidores nacionais a mitigar os efeitos da pandemia”, conta.

Com o Governo a mostrar-se disponível para avaliar estas propostas, o movimento tech4COVID19 refere que a “colaboração” iniciada “pretende dar continuidade ao investimento público e privado realizado nos últimos 10 anos, que tem aumentado a competitividade do país e que posiciona Portugal como um hub vigorante de tecnologia e inovação na Europa e no mundo”.

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As startups têm características específicas que as tornam muito diferentes do restante tecido empresarial português, motivo pelo qual a comunidade acredita que deverão ter medidas adequadas e pensadas para a sua realidade”, diz Daniela Monteiro, coordenadora do plano apresentado ao Governo.

Um estudo divulgado na semana passada pela Aliados Consulting e a FES Agency, refere que, das startups inquiridas, 73% já sentem um impacto negativo devido à pandemia. Com necessidade destes apoio estatal, e de que o Estado leve a cabo as proposta enviadas, o tech4COVID19 refere ainda que “o ritmo de investimento irá abrandar”. Por isso, as startups que tinham investimento “vão ter muita dificuldade” em receber novas injeções de capital.

Entre as medidas apresentadas estão propostas como: “Isenção de pagamentos da Segurança Social num período de 3 a 6 meses; agilização dos mecanismos de reembolso do crédito de imposto de IVA; regime de lay off com condições específicas para as startups e para sócios-gerentes; financiamento de salários de quadros altamente qualificados via mecanismo fast track; acesso ao apoio extraordinário à normalização da atividade; e ajustes aos Vales de incubação”. As startups querem, assim, aumentar a tesouraria e o fundo de maneio destas empresas “até que haja uma retoma na disponibilidade de investimento”.

Startups portuguesas juntam-se na luta contra o coronavírus

O movimento tech4COVID19 foi anunciado a 16 de março por fundadores de startups portuguesas. Em poucos dias, juntou mais de 120 empresas e 600 pessoas de vários setores para ajudar o país na luta contra o coronavírus. O movimento tem como objetivo encontrar soluções tecnológicas como melhorar o rastreio de redes de contágio e facilitar videochamadas entre médicos e doentes. Desde esta data já foram divulgadas iniciativas como farmácias online ou uma app que diz se está muita fila no supermercado.

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Neste movimento fazem parte startups e grupos do ecossistema português como a BrightPixel, a Unbabel, a Farfetch, a Forall Phones, a Infraspeak, entre outras, e também entidades com participação do Estado, como a Startup Lisboa ou a Startup Portugal.