Estradas sem carros, passeios sem pessoas. Foi desta forma que Portugal viveu o dia 12 de abril, segundo os valores de um estudo divulgado pela PSE, empresa especialista em ciência de dados. Desde o início do Estado de Emergência no país, o domingo de Páscoa foi o dia em que mais portugueses ficaram em casa, com 79% da população a aderir ao confinamento geral. Para um valor próximo, é necessário recuar até o dia cinco do mesmo mês, altura em que 77% não saiu à rua.
Os dados da consultora resultam de uma recolha com recurso a uma aplicação instalada nos telemóveis de um painel representativo e que consegue acompanhar a deslocação real da população hora a hora durante um dia inteiro. O resultado foi compilado num gráfico que sai em destaque na página do estudo e que mostra como desde o decreto do Estado de Emergência, a percentagem de pessoas em casa tem variado entre a casa dos 50% e o pico de 79% da Páscoa. Para termos de comparação, no ano passado, pela mesma altura, entre 30 e 36% ficou em casa.
Os últimos dias da celebração católica foi particularmente diferente: com as autoridades nas ruas e uma fiscalização mais assertiva, entre quinta e domingo da semana passada foram impostas medidas de confinamento ainda mais apertadas. Sair do concelho passou a ser só em situações excecionais, como trabalho, por exemplo, fazendo da lista das medidas uma das possíveis razões para que no mesmo período a percentagem de pessoas em casa tenha passado de 54%, a 8 de abril, para 59. Dois dias depois, voltava aos 56%.
É também com base na mesma forma de recolha que o estudo aponta para outra conclusão: diz a PSE que os concelhos com mais medidas de confinamento apresentam tendencialmente menores números de novos casos de Covid-19. O estudo analisou 45 municípios, que representam 57% da população portuguesa e 56% dos casos reportados.
Com base no relatório da Direção Geral de Saúde a 11 de abril, a consultora conseguiu ainda caracterizar os municípios que têm um maior e menor risco na propagação da doença. Para isso, importam as medidas de confinamento, já que, como concluiu previamente, são fatores relevantes para a contenção da doença.
Por isso mesmo, entre os 45 municípios analisados é Ovar aquele que tem menor risco de propagação do vírus — tendo em conta a cerca sanitária imposta no concelho —, acompanhada de Oliveira de Azemeis, Amadora, Lisboa e Vila Nova de Gaia. No polo oposto, ou seja, na lista de municípios onde esse risco é maior estão Ílhavo, Paredes, Felgueiras e Barcelos.