O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, elogiou esta quarta-feira a resposta rápida da Força Aérea no acolhimento de 171 migrantes provenientes de um hostel em Lisboa, numa operação de “grande complexidade” dada a coexistência de 29 nacionalidades.

João Gomes Cravinho verificou esta quarta-feira na Base Aérea da Ota, no concelho de Alenquer “a reação extremamente rápida” da Força Aérea Portuguesa, que disponibilizou 171 camas para acolher os cidadãos estrangeiros provenientes de um hostel de Lisboa, para realizarem um período de quarentena devido à pandemia da doença Covid-19.

O ministro sublinhou o desempenho dos militares “numa operação de grande complexidade, tendo em conta a grande diversidade [de cidadãos] 29 de nacionalidades e um apátrida”.

A operação de acolhimento aos refugiados e migrantes foi preparada “em seis horas”, explicou ao ministro o Tenente-Coronel Rui Romão, comandante da base aérea onde o grupo foi instalado num bloco de “camaratas construídas nos anos 60 para apoio às forças envolvidas na Guerra do Ultramar“. Preparadas para receber, durante a pandemia, doentes que não tivesse condições de efetuar a quarentena em casa ou utentes de lares, as instalações foram na segunda-feira “adaptadas” para “um grupo muito heterogéneo, volátil e complexo” de pessoas.

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Dos 171 alojados, 136 dos quais testaram positivo para a Covid-16, a grande maioria são oriundos “da Gâmbia, Guiné Bissau e Senegal”, mas há entre eles “línguas tão diversas como o árabe” explicou o comandante.

Os migrantes estão alojados em camaratas com capacidade para 16 pessoas, mas com uma ocupação de apenas oito, dispondo de casas de banho e áreas de alimentação em cada um dos edifícios.

De acordo com o comandante da base, o espaço foi ainda adaptado “para se poderem movimentar num telheiro exterior” e para poderem fazer exercício “na área em redor dos edifícios”, vedados num perímetro de confinamento assegurado em parceria com a Marinha e o Exército.

“No dia 23 começa o Ramadão e temos que ver que adaptações terão que ser feitas para que haja condições de cada um poder viver esse período de acordo com as suas convicções”, disse ainda o comandante da base, onde muitos refugiados “chegaram sem nada”, tendo sido necessário fornecer-lhes “roupa interior, pijamas e toalhas”.

Questionado pelos jornalistas o ministro da Defesa afirmou que o Governo não tem, para já, “conhecimento de mais nenhuma situação” como aquela em que se encontravam os refugiados, num hostel, na Rua Morais Soares, em Lisboa, que albergava perto de 200 pessoas em condições que, “ao que tudo indica não estavam de acordo com os critérios que nós [Governo]estabelecemos”.

João Cravinho adiantou, no entanto, estar a ser feito “um levantamento” pelas juntas de freguesia, câmaras e proteção civil de vários pontos do país, sublinhando que o Governo terá que “estar preparado” para a possibilidade de serem detetadas outras situações.

Cláudia Pereira, secretária de Estado para a Integração e as Migrações, reafirmou no final da vista que o Governo está a articular entre os diferentes ministérios a revisão do programa de acolhimento de refugiados “que neste momento são os futuros imigrantes e contribuem para a economia do país”, tendo em 2019 contribuído com “659 milhões de euros” para a segurança social.

Para além da Base Aérea da Ota as forças armadas portuguesas têm atualmente um total de 1.300 camas preparadas para acolher pessoas no âmbito da pandemia da covid-19, número que segundo João Cravinho pode ser alargado “para 2.300 camas se necessário”.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 já infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 178.000 morreram.

Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 2 de março, o último balanço da DGS indicava 762 óbitos entre 21.379 infeções confirmadas. Entre esses doentes, 1.172 estão internados em hospitais, 917 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.

Desde 19 de março, o país está em estado de emergência pelo menos até às 23h59 do próximo dia 2 de maio.