Abrir creches e escolas não fez piorar a pandemia na Noruega. A garantia foi dada pelas autoridades de saúde do país nórdico, três semanas depois de as primeiras crianças terem regressado às creches e jardins de infância. Uma semana depois, também os alunos até 10 anos regressaram às escolas primárias. “Ainda não vimos que a abertura das escolas e jardins de infância tenha tido um efeito negativo na propagação da infeção”, disse Frode Forland, diretor-geral do FHI (Folkehelseinstituttet), o instituto norueguês de Saúde Pública.
Apesar disso, o responsável quis ter um discurso cauteloso e frisou ser ainda cedo para tirar conclusões definitivas. Ainda assim arriscou: “Se a abertura tivesse tido um efeito negativo teríamos começado a ver um aumento progressivo no número de infeções”, acrescentou o diretor-geral do FHI.
Profissionais preocupados com abertura de creches e medidas propostas
Desde 16 de abril que o número diário de novas infeções não chega aos três dígitos e mantém a tendência decrescente, apesar de algumas oscilações. No domingo, foram registados 6 novos contágios e esta segunda-feira foram mais 17. As aulas recomeçaram para o primeiro grupo de crianças a 20 de abril e para o segundo grupo a 27.
Segundo Forland, as mesmas conclusões são válidas para a abertura de cabeleireiros e outras empresas particulares. “O número de reprodução (o R0) tem oscilado um pouco, mas mantém-se baixo e foi de cerca de 0,5 no período de 20 de abril a 8 de maio”, esclareceu. Para além de se manter estável o número médio de pessoas que cada infetado contagia, também os novos casos de infeção se tem mantido reduzidos, argumentou o responsável.
Estamos a assistir a um declínio de casos em todo o país”, sublinhou Forland, dizendo que o vírus se espalhou essencialmente dentro de núcleos familiares, onde “é natural que as pessoas estejam mais próximas”.
O regresso das crianças às escolas foi feito debaixo de apertadas medidas de segurança. As crianças até três anos têm de ser divididas em grupos de três, com um adulto responsável pelo grupo. As mais velhas, entre os 3 e os 6 anos, podem estar em grupos de no máximo seis alunos (antes da pandemia o número habitual das turmas era de 20). Passou a ser proibido levar brinquedos de casa, os não laváveis foram banidos e há postos de desinfeção no exterior das escolas.
Em Portugal, as creches, que recebem crianças até 3 anos, reabrem no dia 18 de maio, enquanto que os jardins de infância começam a receber as crianças dos 3 aos 6 anos a 1 de junho. A Direção-Geral da Saúde já emitiu um conjunto de recomendações para o regresso destas crianças.
Já os alunos do ensino básico e do 10.º ano não regressam ao ensino presencial este ano letivo, esperando-se que só o façam em setembro. Os estudantes de 11.º e 12.º ano têm regresso agendado também para a próxima segunda-feira, 18 de maio.
A Associação de Profissionais de Educação de Infância já manifestou “preocupação” sobre as condições de reabertura de creches e diz que as recomendações da DGS são “profundamente desadequadas”.
“Não imagino um pai que tenha alternativas a deixar um filho na creche. O risco é imenso”, afirmou o presidente da Associação de Profissionais de Educação de Infância em entrevista à Rádio Observador.