Uma das regras que consta no guia a ser elaborado pela Direção Geral da Saúde (DGS) para a reabertura das creches, já a 18 de maio, e dos jardins de infância a 1 de junho, passa por as crianças terem uns sapatos de uso exclusivo nas instalações, avançou este sábado o Público. Nalgumas instituições que já estabeleceram as suas regras, apurou o Observador, os pais têm mesmo que levar os sapatos de uso na rua de volta para casa e têm que usar máscaras na entrega das crianças — que a DGS quer que seja à porta e sem a entrada dos adultos nas escolas.

Também os educadores e auxiliares terão que usar máscaras ao longo de todo o dia de trabalho e as equipas terão que ser divididas, para o caso de algum dos seus elementos adoecer. Nos sanitários, tem que haver água, sabão, e toalhetes descartáveis e em cada uma das salas soluções à base de álcool. Das regras constará também uma mais difícil de cumprir para crianças até aos seis anos: a distância de segurança de dois metros entre todos.

Para tal, propõe-se que os berços ou os catres sejam mantidos a esta distância uns dos outros e que as crianças não partilhem brinquedos. Que haja, também, uma espreguiçadeira para cada um (no caso dos bebés) e que o ar condicionado esteja desligado. O importante é abrir janelas e deixar as salas arejar.

Também nas salas são impostas regras na disposição das mesas e das cadeiras, que devem ser alinhadas paralelamente de frente para a educadora, isto para as crianças maiores, supõe-se que a partir dos três anos. É ainda proposto que as portas devam ficar abertas para não ser necessário tocar-lhes. Privilegia-se o espaço exterior.

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Estas medidas ficaram a ser conhecidas numa reunião virtual feita na última sexta-feira com o Mistério do Trabalho e da Segurança Social, que tem a tutela destes estabelecimentos. No entanto muito ficou por esclarecer e só se saberá depois de publicadas as normas da DGS.

A presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo, Susana Batista, disse este sábado ao Expresso , no entanto, que há medidas que à partida serão impossíveis de cumprir, como é o caso da partilha de brinquedos entre as crianças. Também “a exigência de manter berços e catres distanciados por dois metros requer salas com uma dimensão que não existe”. Ou a obrigação de colocar as crianças sentadas em mesas e viradas todas para a educadora. “Estas mesas retangulares nem existem. Muitas são redondas e crianças desta idade sentam-se nos tapetes, só estão à mesa para fazer as atividades. Há jogos que são feitos por pares de crianças, a aprendizagem faz-se por observação e não conseguimos controlar a movimentação de crianças até aos três anos”, diz.