Uma criança de nove anos morreu em Marselha, França, no sábado, após registar sintomas semelhantes aos da doença de Kawasaki, descritos em jovens que tiveram contacto com o coronavírus, a primeira morte deste tipo no país, anunciou esta sexta-feira o seu médico.
A criança, que morreu devido a “danos neurológicos ligados a uma paragem cardíaca”, tinha “uma serologia que mostrava que tinha estado em contacto” com o coronavírus, mas não teve os sintomas da Covid-19, precisou à agência France-Presse o professor Fabrice Michel, chefe do serviço de reanimação pediátrica de La Timone em Marselha (sudeste), confirmando uma informação do diário La Provence.
Segundo o médico, a criança, que vivia em Marselha, ficou “gravemente doente devido a uma paragem cardíaca” em casa, antes de ser transportada para o seu serviço especializado. Foi tratada “durante sete dias” e morreu no sábado, adiantou.
No balanço semanal divulgado na quinta-feira à noite, a agência de saúde pública francesa referia a morte daquele “rapaz de novo anos, com comorbidade no neurodesenvolvimento”, após uma doença inflamatória que atingiu o seu coração e que estava ligada à Covid-19.
Nas últimas três semanas, vários países assinalaram casos de crianças com uma doença inflamatória com sintomas semelhantes aos da rara doença de Kawasaki, provavelmente relacionados com a Covid-19.
Foram registadas outras mortes após o desenvolvimento de tais sintomas: um adolescente de 14 anos, positivo para a Covid-19 e sem patologia subjacente no Reino Unido, e uma criança de cinco anos em Nova Iorque.
Os sintomas são febre alta, dores abdominais e problemas digestivos, erupção cutânea, conjuntivite e língua avermelhada, que incha e que fica com o aspeto de framboesa.
Estes sintomas são semelhantes aos da doença de Kawasaki, que afeta as crianças e leva a uma inflamação dos vasos sanguíneos.
No entanto, existem diferenças: o caráter inflamatório e os danos cardíacos são “muito mais acentuados” nos casos suspeitos de estarem associados à Covid-19 do que na doença de Kawasaki clássica, segundo a Saúde Pública francesa.
O professor Michel precisou que estes casos envolvem “muito poucas crianças e apenas causaram uma morte” pelo que elas “não devem preocupar-se demasiado”. Será necessário que as crianças sejam consultadas se “têm febre há mais de dois dias e sinais associados”, adiantou.