Investigadores britânicos perceberam que há vários indicadores que podem ajudar no diagnóstico da doença semelhante à doença de Kawasaki que está a afetar crianças com Covid-19, algumas delas várias semanas depois de identificada a infeção por Sars-Cov2. No Reino Unido mais de uma centena de crianças já deram entrada nos cuidados intensivos com sintomas da síndrome do choque tóxico e da doença de Kawasaki, uma doença inflamatória que se manifesta através de um quadro inflamatório grave que afeta as veias coronárias e o coração das crianças mais pequenas.

Em Portugal há apenas registo do internamento de uma criança com sintomas semelhantes — que entretanto já teve alta —, mas a na sexta-feira o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) já tinha identificado pelo menos 322 casos em crianças em todo o mundo.

Criança portuguesa com sintomas de doença rara associada à Covid teve alta. É o único caso português entre 322 identificados no mundo

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Os investigadores britânicos têm-se dedicado a estudar de que forma é que esta doença poderá estar relacionada com a Covid-19 e qual a melhor forma de a dignosticar e já avançaram algumas conclusões através dos indicadores de sangue. Assim, escreve o TheGuardian, os investigadores do Imperial College London já identificaram cinco marcadores: elevados níveis de ferritina e proteína C-reativa (PCR) — ambos comuns em quadros de inflamação — e depois três que são comuns em casos de problemas cardíacos ou de coagulação sanguínea: D-dímeros, BNP e troponina.

“Sabemos que estes marcadores estão presentes em pacientes muito doentes e que estão presentes em níveis mais baixos em alguns doentes com a doença conhecida de Kawasaki”, afirmou Michael Levin, professor de pediatria e saúde infantil no Imperial College.

Segundo o especialista estes marcadores poderão ajudar os médicos a perceber se as crianças correm ou não risco de progredir para um quadro de falência cardíaca. “Essencialmente o que estamos a fazer é a utilizar marcadores sanguíneos para perceber quais são as crianças que precisam de ser transferidas para hospitais com cuidados intensivos para o caso de virem a precisar”, disse.

“Esta é uma situação que rapidamente se altera e precisamos desesperadamente de saber como lidar com ela porque estamos a assistir a um número muito significativo de crianças a dar entrada nos hospitais”, acrescentou o especialista frisando que quando uma criança é admitida não é possível saber qual irá evoluir favoravelmente ou qual poderá desenvolver a síndrome que as pode colocar em risco de desenvolver problemas de saúde mais complicados, notando ainda que “há um número pequeno” de crianças cujos órgãos entram “em falência múltipla”.

Novo mistério: doença rara parece estar associada a Covid-19 nas crianças. E haverá um caso em Portugal