A Liga pode estar em risco de perder o principal patrocinador, a NOS. Segundo o Record, a operadora não pretende renovar o contrato prolongado em 2017 e que vai até ao fim da temporada 2020/21 e em causa está o crescente mal-estar entre Pedro Proença, presidente da Liga, e a própria NOS. Há três anos, por altura da renovação do vínculo, foi estimado que o acordo iria render cerca de 20 milhões de euros à Liga, tornando-se a NOS, de longe, o principal patrocinador do futebol português.

Na origem da desavença entre Pedro Proença e a NOS estará outra notícia também desta quarta-feira. A 26 de abril, antes da reunião com António Costa em que marcou presença com Fernando Gomes, presidente da Federação, e os presidentes dos “três grandes”, Proença terá enviado uma carta ao ministro da Economia onde falou em nome dos 36 clubes dos campeonatos profissionais, detalhou as perdas da indústria ao longo de dois meses de paragem e pediu que o Governo considerasse o futebol como um dos setores a regressar nas primeiras fases do desconfinamento — algo que ficou confirmado dias depois, na sequência do Conselho de Ministros.

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Ora, além de tudo isto e na mesma mensagem enviada a Pedro Siza Vieira, o presidente da Liga sugeria ao Governo a hipótese de, por ação do Estado, as operadoras colaborarem e concordarem em transmitir as restantes dez jornadas do campeonato, ou parte delas, em sinal aberto. De acordo com o jornal A Bola, alguns dias depois, Pedro Proença reiterou a sugestão mas numa carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa: numa mensagem com um conteúdo algo diferente, o líder da Liga voltava a manifestar a intenção de transmitir todos os jogos em sinal aberto, abrindo a possibilidade de isto ser realizado com recurso ao televisão pública, a RTP.

O desejo de Pedro Proença, confirmado nas duas cartas, caiu mal junto das operadoras que têm contratos assinados com os clubes da Liga, a NOS e a Altice, e também junto dos próprios clubes que dependem das receitas das transmissões televisivas — atualmente suspensas devido à paragem forçada da competição. É a partir daqui que a NOS, principal patrocinadora da Liga à qual dá nome, está a ponderar não renovar o atual contrato com o organismo, isto depois de já ter suspendido o pagamento nos últimos dois meses, tal como fez com os clubes.

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Na sequência do conflito, e também de acordo com o jornal A Bola, Pedro Proença terá enviado uma carta ao Conselho de Administração da Sport TV, detida em parte pela NOS, onde considera que o mal-estar criado não tem fundamento. No mesmo esclarecimento, o presidente da Liga terá garantido que na carta enviada ao ministro da Economia estava claro que é essencial que as operadoras recebam as respetivas receitas, ainda que nunca tenha assumido que sugeriu a transmissão de jogos em canal aberto ao Governo e ao Presidente da República. Certo é que este será um dos temas quentes em cima da mesa esta quinta-feira, na reunião entre a Liga e os presidentes de todos os clubes da Primeira Liga, onde ficará definido o calendário para as dez jornadas restantes.